
“Cru” (Brasil, 2011) aposta nos diálogos e montagem para
tentar impressionar com um drama de mistérios. Porém, o longa do diretor Jimi
Figueiredo perde força na medida em que suas chocantes revelações se tornam
previsíveis.
A história começa com clima seco e sombrio, em uma cidade qualquer perdida no interior brasileiro. Em um açougue, um forasteiro carregando uma maleta espera por um encontro. Com cortes difusos, a história se mistura com o drama de uma mãe e seu filho recém-nascido. Aos poucos as tramas caminham para um acerto de contas que marcou o passado das personagens.
Os diálogos longos e arrastados conseguem entreter enquanto o mistério ainda
predomina na história, mas poderiam ser melhor formulados já que o filme tem
apenas algumas conversas como base. Por outro lado, a direção de imagens e
estilo da filmagem conseguem ter a atuação exata sobre o contexto, impondo um
clima tenso. As atuações também surgem como ponto forte da obra.
Apesar da previsibilidade, o roteiro é bem fechado e o filme consegue se
reencontrar no instante final. As músicas escolhidas para a trilha comovem de
acordo com o caminhar da trama. O argumento possivelmente se enquadraria melhor
em um curta-metragem, mas com a aplicação bem articulada da trama durante seus
não tão longos 73 minutos, a obra ainda consegue convencer, o que já reflete um
grande mérito.
