segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Política, Cultura Pop e Perfeccionismo



Conversões de mangás em desenhos para TV ou cinema são comuns no Japão, mas Akira (1988) é diferente. O filme é  um dos melhores e mais impressionantes da história cinematográfica da terra do sol nascente. Supera de longe a grande maioria das adaptações, e muitos consideram este longa metragem melhor que o HQ homônimo, o que é raro. Sucesso de público e crítica, é um clássico inequestionável.



O ano é 2019, Kaneda é líder da gangue de motoqueiros, que tem um amigo próximo envolvido em um projeto governamental secreto chamado Akira. Para salvar seu amigo, Kaneda pede ajuda para vários grupos como ativistas anti-governo, políticos gananciosos, cientistas irresponsáveis e poderosas forças militares. Durante o confronto, Tetsuo, amigo de Kaneda recebe uma força sobrenatural que resulta em consequências para o resto da vida, e também para o futuro de Neo-Tokyo.


É incrível, chegando ao nível do absurdo, em como todos os pontos são bem trabalhados. Todos os detalhes de todas as cenas são milimetricamente explorados, como a fantástica animação onde até os movimentos das bocas dos personagens condiz com as palavras pronunciadas (em japonês); As músicas caem perfeitamente para as cenas e não possuem nenhum aspecto cultural reconhecível, inovando e impressionando; Os diálogos são inteligentes, suscintos, objetivos, e de fácil compreensão.


Mas o que mais chama a atenção é a trama, que é uma forte crítica aos aspectos políticos que o mundo vivia nos anos oitenta, e mesmo assim continua sendo atual. O visual é futurístico, distópico e cyberpunk. A trama explora a delinquência juvenil, desemprego, corrupção, injustiças sociais, aborda questões filosóficas sem cair no brega, questiona o valor das amizades, e analisa profundamente os sentimentos dos protagonistas.


Não há heróis ou vilões, apenas pessoas que lutam pelo que acreditam. O mais impressionante é como o autor conseguiu transmitir uma história tão complexa e perturbadora de modo simples e relativamente fácil de compreender. Katsuhiro Otomo é realmente um gênio.


Akira é um clássico japonês, um dos responsáveis por popularizar filmes em anime no ocidente.  Algumas cenas são fortes, e a violência chega a chocar, principalmente pelas doses de realismo. É empolgante, inteligente, e considerado por muitos o melhor longa metragem em animação de todos os tempos. Se você não assistiu, o que está esperando?



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