A transferência de uma história dos quadrinhos para o cinema
precisa de cuidado dobrado. Além da necessidade de agradar os fãs da trama
original, é preciso prestar atenção na parte técnica, pois qualquer erro pode
transformá-lo em um filme trash. Felizmente, Nana (Japão 2005) é uma das melhores adaptações do gênero.
Nana Oosaki (Mika Nakashima) é uma cantora de rock que
parte para Tóquio que tenta recomeçar a vida após o término de um
relacionamento. É uma garota forte que mostra independência e vontade de vencer
na vida. Já Nana Komatsu (Aoi Miyazaki) é meiga e desajeitada que se muda para
Tóquio para viver perto de seu namorado e mostrar que não é uma qualquer
recém-saída da adolescência. As duas têm o mesmo nome e a mesma idade. Também
por coincidência visitam, no mesmo dia e à mesma hora, um apartamento para
alugar — o número 707 (em japonês, “Nana” significa “Sete”). Para evitar
confusões, resolvem dividí-lo e viver juntas, começando aí, uma grande amizade.
O filme não é uma nova versão da história original, mas
sim o “anime filmado”, o que é comum no Japão. Praticamente todas as cenas são
extraídas do desenho, incluindo ângulos de câmeras, diálogos e o figurino dos
personagens. Aliás, este é o ponto que mais chama a atenção, pois as roupas e
os cabelos não parecem fantasias de carnaval, mas também não parecem
realísticos, alcançando um meio termo perfeito.
É evidente que o filme teve que cortar uma série de
eventos, afinal o anime tem 47 episódios e os quadrinhos ainda não teve um fim
(está em hiatos), mas não chega a passar, ou passa muito pouco, a sensação de
que está faltando “este ou aquele detalhe”. Já o desfecho tem aquele clima de “final”,
mas com possibilidades para continuações sem parecer forçado.
Nana é uma ótima história, seja no anime, no mangá, ou
no Live Action. O real problema é se você procura algo mais tradicional do
gênero, com efeitos de luzes e muita pancadaria, pois aí sim você se decepcionará. Aqui o foco é nos
conflitos internos, que são explorados sem cair no brega, além de
transmitir mensagens ambíguas para o espectador até mesmo sobre a real
sexualidade das protagonistas. Enfim, uma excelente adaptação.