

Há quem diga que o estarrecedor foi a forma com que Ruy Guerra, roteirista e diretor, captou a linguagem de Chico Buarque e outras preocupações – a maneira de jogar com o tempo e o exercício de fragmentação cênica – como forma de traduzir essa realidade. Ainda assim, não agrada a todos os cinéfilos, mesmo eles sendo os únicos que assistiriam ao filme até o fim.

Estorvo é incômodo. A personagem principal é um homem paranóico que demonstra isto ao resolver não abrir a porta para um homem que ele supõe querer matá-lo. A partir daí, conhecemos (ou nos confundimos com) sua vida. A irmã rica e com TOC (transtorno obsessivo compulsivo) a quem pede ajuda para fugir de sei-lá-o-quê; a mãe que não fala com ele; a ex-mulher que o ignora; o amigo filósofo alcoólatra assassinado; a amiga drogada da irmã que tenta agarrá-lo…

