quinta-feira, 8 de julho de 2010

Felizes Para Sempre?

“Shrek Para Sempre” – quarto e último capítulo da saga do nosso ogro favorito – não pretende reinventar a série que revolucionou a animação no cinema. Se a fórmula vencedora do Oscar foi responsável por levar mais de dois bilhões de pessoas aos cinemas, bem, não era de se esperar mudanças drásticas no formato que a consagrou. Manter-se fiel ao padrão, infelizmente, não foi suficiente para trazer de volta a anarquia perdida já no terceiro filme. “Shrek Para Sempre”, do diretor Mike Mitchell (“Gigolô por Acidente”) peca justamente por perder a força de suas paródias aos contos de fada.


Shrek, para seu próprio desespero, não é mais o mesmo. Seus hábitos de ogro deram lugar à figura de um respeitável homem de família. Shrek troca fraldas, recebe amigos em casa para o jantar e participa dos afazeres domésticos. Bem diferente dos banhos de lama, arrotos e, principalmente, do seu principal lazer – assustar os desavisados que invadem o seu tão querido pântano. Insatisfeito com a situação, Shrek atura as obrigações de pai sempre no limite de sua paciência. Até que, após não aguentar mais sua rotina, resolve recorrer aos encantos e poderes mágicos daquele que é, sem dúvidas, o melhor personagem do filme: Rumpelstiltskin.


Saído do primeiro volume do livro “Contos para a infância e para o lar”, dos Irmãos Grimm, Rumpelstiltskin é o responsável por colorir um filme sem maiores atrativos. O vilão percebe as fraquezas de Shrek e, sob a condição de lhe oferecer um dia livre das responsabilidades de família – apenas como um legítimo ogro – propõe um contrato mágico que lhe dá, por consequência, o domínio do reino de Tão Tão Distante.


Shrek, ao perceber seu engano, corre atrás da solução que anularia o contrato de Rumpelstiltskin. É quando entra em cena o núcleo mais interessante dos cerca de 90 minutos do filme. Os ogros (liderados por Fiona), organizam uma revolução para acabar com a tirania de seu rei maligno (Rumpelstiltskin, é claro). Ao mesmo tempo, cabe a Shrek conseguir o beijo do amor verdadeiro (solução que quebraria o contrato).


Aparições interessantes, como a do Flautista de Hamelin – mais um personagem dos Irmãos Grimm – não conseguem repetir o tônus dos dois primeiros filmes. Shrek trouxe um gás irônico e divertido para as animações no cinema, conquistando fãs de todas as idades. Mas, para a garantia de sua eternidade, foi melhor ter saído elegantemente de cena.

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