terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma História Bem Contada


JESSICA WEISS

Baseado em uma história real, o filme “O Contador de Histórias” de Luiz Villaça - que entra em cartaz no dia 7 deste mês - narra a vida de Roberto Carlos Ramos, um menino internado aos seis anos de idade na instituição FEBEM. Analfabeto e com mais de cem fugas no currículo, aos treze o garoto já é considerado “irrecuperável”. É quando chega a pedagoga francesa Margherit Duvas (Maria de Medeiros), que com palavras como “com licença” e “por favor” - até então nunca dirigidas à criança - se interessa em mudar o rumo da vida de Roberto.


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Com uma imaginação absurda, Roberto narra sua chegada à instituição como uma fracassada tentativa de roubar um banco - planejada por sua família em estilo “Jackson Five” - deixando-o para trás nas mãos da polícia por ser menor de idade e afim de ele se tornar futuramente um “médico, advogado, engenheiro” através da FEBEM. Em sua rotina à base da criatividade, a professora de ginástica é transformada em um hipopótamo azul e o maior ladrão da vizinhança, Cabelinho de Fogo, é visto como um rei.
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Com a chegada da pedagoga, Roberto começa a testar a tolerância de Margherit, arrotando e soltando pum propositadamente para checar suas reações, que surpreendem o menino por não conter broncas, mas sim palavras carinhosas.
No filme, foram escolhidos para o papel de Roberto três até então não-atores. O mais novo, Marco Antonio, impressiona com seus olhos curiosos e mostra a importância de pequenas coisas na vida como soltar pipa e a tão aguardada chegada do Papai Noel. Já Paulo Henrique, responsável pelo maior trecho da vida de Roberto no filme, leva os espectadores à angústia, ao riso e até ao choro, ao entrar nas entranhas de seu personagem.
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A fotografia do filme e a direção de arte dão o toque final à imaginação do menino, lembrando até o filme “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (“Big Fish”, Estados Unidos, 2003) de Tim Burton que também relata a vida de um criativo contador de histórias.
“O Contador de Histórias” é um exemplo de filme brasileiro que não foca na tragédia, mas sim em como a sobrepor, narrando a história real de Roberto Carlos Ramos, hoje membro da Associação Internacional dos Contadores de Histórias e Valorizadores da Expressão Oral Mundial e eleito em 2001, um dos maiores contadores de histórias do mundo.
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