Steven Soderbergh, consagrado por Traffic, Ocean’s (Eleven, Twelve e Thirteen) e Che, traz aos cinemas sua última “experiência” cinematográfica “Confissões de uma Garota de Programa” (The Girlfriend Experience, EUA, 2009). Antes que seja analisada a ficha do diretor, que carrega consigo o Oscar, sua mais nova obra abre as portas para críticas mais ferrenhas. Soderbergh nos larga na poltrona com a sensação de não ter entendido o propósito de um filme lento e maquiado de documentário, no qual nada acontece e nenhuma emoção é transparecida.
A câmera tenta irritantemente fazer do espectador um voyeur da vida de Chelsea (Sasha Grey, atriz de filmes pornô), uma garota de programa que oferece muito mais do que satisfação sexual. Como no nome original, a experiência de uma namorada engloba jantares, cinemas, conversas e companhia. Os clientes, por sua vez, estão dispostos a abrir mão de alguns mil dólares para tê-la do lado por algumas horas. Como uma profissão não menos respeitável do que qualquer outra, a acompanhante de luxo é também mais uma empresária, como grande parte dos homens com quem sai.
Em meio à incipiente crise financeira dos Estados Unidos e aos debates quanto à sucessão presidencial do país, a história tenta traçar um paralelo entre a rotina de Chelsea e as consequências políticas, contextualizando-a sob a perspectiva econômica de um Estado regido pelo capitalismo. Nada muito tentador e digno de ressalvas, assim como o restante da narrativa, com citações de um diário imaginário, diálogos pobres e insossas relações entre os personagens. E quando se pensa que os atores podem trazer algum alívio, nem as atuações são suficientemente boas para envolver o público.
Assim, o filme não fecha, não conclui, nem constrói nada durante árduos e inacabáveis 78 minutos, que culminam esdrúxula e comicamente. Talvez a verdadeira essência desse conjunto meio frustrado e definido como um filme.
