Muito mais do que um filme direcionado a uma fatia específica do público, "As Melhores Coisas do Mundo" é uma produção que busca entrar e decifrar com humor as peculiaridades da vida na adolescência. A diretora Laís Bodansky (Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade), sem muita originalidade mas jogando bastante com referências comuns aos jovens, extrai do estereótipo classe-média um bom tempo de entretenimento e diversão.
Mano (Francisco Miguez) tem 15 anos e seus problemas parecem os maiores e os mais impossíveis de resolucionar. A sexualidade, os problemas familiares e o relacionamento com o ambiente estudantil permeiam uma trama que mescla a ideia de adolescente da década de 90 com o de agora. Da festa de quinze anos à interatividade, a proposta acerta na convergência e amplia seu horizonte ao dialogar com 2 gerações diferentes.

Os tipos e grupos dentro do sistema escolar são os mesmos apesar de terem sido traçados com uma dose maior de exagero. Os estranhos, o professor idealizado, as meninas inalcançáveis, os diferentes, os inconvenientes, todos ganham destaque assim como essas diferenças se apresentam enormes na fase da vida em questão.

Laís ganha com "As Melhores Coisas do Mundo" um espaço já conhecido no cinema: o da produção industrial que funciona. Ao contrário de seus primeiros filmes, que compõem produções mais intimistas, temos agora uma mudança de estética e produção que merecem sim uma atenção diferenciada. Vale à pena regredir alguns anos e experimentar novamente os conflitos e hipérboles de ser jovem.
