Está chegando aos cinemas mais uma obra apresentada durante o Festival do Rio 2009, mas não é qualquer uma. “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck (Cazuza – O Tempo Não Pára, Meninas, Pequeno Dicionário Amoroso), levou os prêmios de Melhor Atriz (para Nanda Costa) e Melhor Filme (no Júri Popular). Em uma primeira olhada, superficial, o filme pode parecer muitas coisas, o que leva à impressão de que é só mais um. Quando olhamos com mais atenção, no entanto, é possível enxergar muitas coisas que o filme não é.


As três protagonistas são interpretadas por atrizes ainda pouco conhecidas, mas que se saíram muito bem na telona, certamente com o suporte do grande elenco de coadjuvantes que as cercam. Nanda Costa (de Viver a Vida) interpreta Jéssica (esquerda), Kika Farias (Chico Xavier) vive Sabrina (centro) e Amanda Diniz (Sítio do Pica-Pau Amarelo), a mais nova, é Daiane (direita). Jéssica foi criada pelo avô (Nelson Xavier) e tem dificuldade em dedicar seu tempo à filha, atraindo críticas enfurecidas da ex-sogra evangélica (Zezeh Barbosa), mas após ser contratada para se encontrar com um presidiário (MV Bill) acaba encontrando um amigo. Sabrina tem problemas com a mãe e se apaixona por um traficante (Guilherme Duarte). Daiane é criada pelos tios Socorro (Lorena da Silva) e Pery (Daniel Dantas), que a abusa sexualmente, e tem que conviver com a dúvida de seu pai (Ângelo Antônio) acerca da paternidade, mas encontra uma aliada na cabelereira Dolores (Marieta Severo).

Além dos méritos nas atuações, o filme merece também diversos elogios técnicos. A trilha sonora é belíssima e conta com uma música interpretada pela queridinha do momento, Maria Gadu, que se encaixa muito bem na história. A edição dá o ritmo certo à trama e, como sempre, a fotografia perfeita de Walter Carvalho emociona e dispensa maiores comentários.

Sonhos Roubados não é só mais um filme social, não é só mais um filme brasileiro sobre tiroteios em favelas e não é só mais uma desculpa para colocar dúzias de atores globais numa tela enorme. É uma bela obra sensível que não causa arrependimento pelo valor gasto no ingresso.
