sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mais um Europeu na África

Sempre ouvimos falar de como a África é exótica, perigosa e repleta de guerras civis. Acredito que o continente tenha muito mais a oferecer do que isso, mas na indústria cinematográfica dominada pelo imperialismo ocidental, é quase impossível vermos um filme que não trate desses tópicos e Minha Terra, África (“White Material”, França/Camarões, 2010), de Claire Denis, é só mais um exemplo.



Após a retirada do exército francês da cidade, devido a um levante de rebeldes, Maria Vial (Isabelle Huppert) deve fazer de tudo para conseguir terminar a colheita de café. Com o Highlander Christopher Lambert como seu marido, André Vial, pronto para deixar tudo para trás e voltar para a França a qualquer momento, e ainda um filho preguiçoso e levemente psicótico, a corajosa Maria se mantém no cafezal, destemida a enfrentar todos os males que possam aparecer. Poxa, parabéns à francesa né!


Esse filme não é nada mais do que uma apologia ao europeu que deve trabalhar duro num lugar estranho como a África, que nunca funcionaria sem eles. A pobrezinha da personagem parece sofrer muito – por motivos não tão sofríveis – o que tenta evocar pena no espectador.


Como se já não bastasse, o longa-metragem quer ainda chocar-nos ao colocar crianças carregando armas e cidades dominadas pelos rebeldes. Bela tentativa, mas com a realidade do domínio do tráfico nas favelas cariocas e depois de filmes como “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, esse choque passa batido.


Com muita câmera na mão e nada realmente original, o filme deixa muito a desejar e nem as atuações de Huppert e Lambert conseguem segurar uma história tão falha.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...