Um filme de ação com uma proposta um tanto diferente: No lugar de grandes explosões, cortes frenéticos e constantes cenas de perseguição, Um Homem Misterioso (The American, 2010) aposta em um clima de mistério e na utilização sutil da violência. Ainda que a história busque se sustentar nas surpresas, o roteiro está longe de ser o ponto alto. Este é apenas o segundo filme dirigido por Anton Corbijn (Control, 2007), que têm uma carreira muito mais extensa como fotógrafo. Não é de se admirar que predomine uma preocupação estética na produção do longa.
George Clooney interpreta o típico anti-herói solitário, sedutor, de passado sombrio e enigmático. O próprio nome do personagem chega a ser um mistério. Ele atende tanto por Jack quanto por Edward. Logo no início do filme, um clima leve, digno de uma comédia romântica, é rasgado por cenas de tiroteio e que nos pega de surpresa. O personagem de Clooney, que em um primeiro momento aparentava ser um homem calmo e amoroso, revela-se um assassino profissional. Após muitos anos de carreira e arrependimento, Jack/Edward finalmente decide começar uma vida nova. Para isso, ele é obrigado a completar uma ultima missão. Claro que a tarefa não é fácil.
O filme peca ao partir de um roteiro simples demais que tenta sustentar um conto de mistério. As conclusões acabam sendo óbvias e o entretenimento pela resolução da trama fica limitado. Ainda assim, as locações (na Suécia e Itália) são muito bem exploradas, mesmo com a preocupação economia na produção. A fotografia, muitas vezes aproveitando a luz ambiente, e o jogo de câmeras faz com que o roteiro não comprometa completamente a qualidade do filme. O estilo contemplativo, um dos principais responsáveis por essa ‘ação sutil’, ajuda o longa a se fixar no que tem de melhor.
O filme é contado sem pressa e abre mão dos estrondos sonoros enquanto tenta sustentar o clima de ação. Os atores quase sempre limitam-se à expressões sedutoras, o que é suficiente para suas personagens. Atuações pouco exigentes e diálogos escassos reforçam a ideia já citada de uma história extremamente simples, com maior abertura para o visual. O resultado é uma produção é belíssima, mas que, por seu ritmo lento e contradição de objetivos, não parece ser capaz de cair nas graças de um público geral.
