segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FILOSOFILMES: Contidos E Intensos

More than Blue (Coréia do Sul, 2009) é daqueles filmes feitos para chorar. Foi a estréia do poeta Won Tae-Yeon como diretor e roteirista. A história é tradicional, mas longe de ser clichê, e sim com a sensação de um clássico. Com ênfase nos dramas pessoais, o chamado "cinema de personagem", agrada os espectadores que procuram sentimentos de forma intensa, e ao mesmo tempo, contida.

 

Kay e Cream possuem histórias de vida parecidas, nascendo daí uma grande afinidade. Sabendo que o maior medo de Cream é ficar só, Kay esconde uma doença hereditária que carrega em seu corpo, e os dois acabam morando juntos.


O título original é "Seulpeumboda Deo Seulpeun Iyagi", que pode ser traduzido como "Uma história mais triste que a tristeza". Mesmo com um nome considerado brega, o filme não cai neste conceito, principalmente por desenvolver o amor das personagens com a convivência diária, sem apelar para atuações exageradas ou músicas melodramáticas, estas aparecem em raros momentos. A linguagem metafórica de muitas cenas também merece destaque, parecendo uma poesia multipla interpretativa.


A mentalidade e as atitudes de cada personagem intriga o espectador. Todos os detalhes são revelados ao longo da história, mas o interessante é quem assiste concluir o que se passa com cada um antes da revelação. Frases como "sabia!" irão "pipocar" com os mais atentos. Para distrinchar todos os detalhes, Won Tae-Yeon opta por re-contar a história a partir da primeira cena depois que o filme está com mais de uma hora, mas pela perspectiva da Cream, e não do Kay, que até então era o protagonista. A repetição das cenas poderia se tornar maçante, mas acaba sendo uma nova visão dentro de um mesmo contexto, dando continuidade ao enredo, e não "rebobinando-o"

 

O que mais incomoda é a quantidade de efeitos sonoros na hora em que os personagens estão comendo, e isso é o filme inteiro. Barulhos como "glups", "cracks", "inhaks" estão presentes de tal forma que chega a irritar em alguns momentos, tirando até mesmo um pouco da dramaticidade das cenas. Talvez o objetivo de Won Tae-Yeon fosse envolver o espectador, estimulando os sentidos da audição e da visão, mas falhou.


Tecnicamente, More than Blue faz bonito mesmo com baixo orçamento (menos de dois milhões de dólares). A música tema, cantada por Lee Seung-Chul é linda e sentimental, toca na hora dos créditos e farão com que muitos desliguem o DVD só na hora em que ela acaba. O cantor aparece no filme como ele mesmo em uma espécie de meta-linguagem, não participando ativamente a história.

 

More than blue é perfeito para quem quer chorar. É visível os esforços de todos que fazem parte do filme, do diretor aos atores, todos se dedicaram intensamente em fazer uma boa produção. Se eles conseguiram? Você quem dirá. Mas algo é certo: ele não entra no estereótipo de "filme coreano é sempre uma gritaria e termina em tragédia". Talvez a última palavra desta frase tenha a ver , dependendo do ponto de vista.

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