
Sem dúvida a vida seria muito mais fácil se valorizassemos aqueles sorrisos mais bobos. Parece que nem sempre fica claro que apenas uma pequena atitude pode transformar inteiramente uma realidade, e as vezes uma amizade verdadeira é suficiente para começarmos a enxergar a vida por outro prisma. Estes assuntos são abordados com muita sensibilidade na animação Colorful (Japão 2010).
Ao chegar à estação de trem que leva à morte eterna, uma alma triste recebe a notícia de que teve sorte e ganhará outra chance de viver. Ela, então, assume o corpo de um garoto de 14 anos chamado Kobayashi Makoto, que acaba de tentar suicídio. Assistida por um espírito neutro chamado Purapura, a alma deve descobrir qual foi o seu maior pecado e o que errou em sua antiga vida antes que seu prazo no corpo de Makoto se esgote.
Interessante logo o primeiro questionamento do espírito no corpo de Makoto ao ver a família almoçando unida: “Por quê ele quis se suicidar? Todos parecem ótimos!”. Como é de se esperar, tudo aquilo é fachada, pois tanto o pai quanto a mãe são muito problemáticos, e paradoxalmente são boas pessoas que amam seus filhos, mas que pagam um preço muito caro pelos seus erros.
Questões como solidão e depressão são abordadas de forma muito profunda. Era óbvio que o protagonista cogitaria o suicídio, já que nem poderia ter um diálogo aberto com seus pais, e nem tinha um amigo para compartilhar a vida. Todas as suas dores ele sofria em silêncio e calado, incluindo rejeições e tristezas cotidianas.
Colorful é bonito, melancólico, profundo e divertido. Não por acaso, as cores do longa metragem são muito marcantes, e reflete os sentimentos internos do protagonista. Se ele está triste, as cores são mais sóbrias, se está alegre, ficam mais berrantes. Um filme para a vida inteira.