Um casal de idosos, Tomy e Shukichi, viaja para Tóquio para visitar seus filhos e netos. Ambos são recebidos muito educadamente, mas com indiferença. Parece haver um misto de ingratidão e egoísmo dos filhos, que não aproveitam o tempo com seus pais.
Yasugiro Ozu idealizou este filme para mostrar que devemos aproveitar cada instante com as pessoas que amamos, afinal, todos parecem eternos enquanto temos (ou aparentamos) boa saúde. Muitos quando casam e tem filhos, acabam se preocupando excessivamente com a própria vida e esquecem valores como honra e afeto. Afinal, “eu tenho que trabalhar”, ou “eu tenho que buscar meu filho no colégio”, ou “tenho que ter tempo para minha esposa”, e acabam colocando os pais para “escanteio” para evitar mais uma obrigação.
Vemos nos momentos finais que os filhos acabam se arrependendo de seus comportamentos perante a mãe, graças a situação que envolve a personagem. Porém, a conduta com o pai não muda, deixando o clima de que “nada mudou”. Todos notaram a fragilidade de Shukichi tardiamente, mas não notam que Tomy está tão frágil quanto.
Ozu usa muitos closes com câmeras subjetivas para passar as verdadeiras intenções dos personagens. Muitas vezes você verá uma moça falando “bem vinda”, mas o rosto e a linguagem corporal está passando outra mensagem, mostrando que os dois não são tão bem vindos assim. Além dos closes, as locações foram bem exploradas, com belas fotografias, além de ser curioso ver Tóquio dos anos 50, que mudou muito de lá para cá. A trilha sonora aparece em pouquíssimos momentos, e são bonitas o suficiente para dar um sentimento de que ela podia ser mais presente ao longo do filme.
Mesmo a história sendo envolvente, o uso de planos longos, um grande número de diálogos, sendo que muitas vezes não significam nada para o andamento da história, e o pouco número de locações podem fazer com que o espectador se sinta entediado. São características de muitos filmes antigos, reforçado com o baixo custo da produção, mas nada que “arranhe” a genialidade do longa metragem.
Era uma vez em Tóquio é um retrato da indiferença e da sensação que temos de que nossos pais são imortais. O filme é simplório, mas genial. Depois de assistir, aproveite para abraçar seus pais e dizer o quanto os ama, pois ninguém sabe o dia de amanhã.