sábado, 21 de maio de 2011

Para Ler Comendo Pipoca

Um protagonista escritor é o que se espera de um romance de Paul Auster, e é exatamente o que nos é dado em “Invisível”. Mesmo assim, de polêmico a enigmático, “previsível” com certeza não está na lista de adjetivos atribuíveis à trama. Com histórias que se encaixam e, ao mesmo tempo, nascem umas das outras, o autor surpreende pela precisão e inteligência.



Através de quatro narradores de tempos narrativos distintos, são contados os acontecimentos da primavera e verão de 1967 da vida do jovem universitário Adam Walker, assim como suas repercussões. Tudo começa quando o rapaz se vê inserido num triângulo amoroso, depois de cativar involuntariamente a simpatia do professor Rudolf Born e de sua mulher, Margot, durante uma festa.

Mesmo desconfiando de que a paixão dele pela moça (e vice-versa) seja produto da personalidade manipuladora de Born, Adam faz de tudo para manter seus encontros sexuais com Margot, o que o leva a transitar entre Nova Iorque e Paris. Além disso, a relação confusa com sua irmã Gwen (motivo para toda a polêmica do livro), somada à conjuntura da época (Guerra Fria e oposição crescente à Guerra do Vietnã), é suficiente para lhe dar o que lembrar até o fim de sua vida, 40 anos depois.


Em 280 páginas, “Invisível” acumula, deliciosamente, suspeitas e revelações, resultando em uma história com muito mais que apenas um clímax. Tudo tem um quê de dúvida e mistério e a narrativa é quase ocular, fazendo jus ao lado cineasta de Auster. Aliás, as citações de filmes têm presença garantida nos romances do autor, e o filme da vez é “A Palavra”, de Carl Dreyer, o qual Adam assiste com a irmã Gwen em um momento decisivo.

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