segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uísque de Moraes

As mocorongas que me desculpem, mas hoje eu vou falar do poeta. Vinícius de Moraes, grande poetinha tímido, que encanta até hoje com a beleza de seus sonetos e a sensibilidade de suas músicas. Não seria o mesmo sem o coadjuvante uísque que, como ele mesmo disse, "é o cachorro engarrafado". O melhor amigo do homem, em outras palavras.

Creio que ele teve todas as mulheres que quis e as que não quis também. Foi diplomata. Compositor. Foi amante incondicional, apaixonado pela figura feminina e pelos pequenos detalhes de cada uma.

E pra terminar, só uma obra prima. E antes que pensem no Soneto da Fidelidade, digo logo que não gosto muito desse não. Deixo então um dos meus preferidos:

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...