Setenta e seis minutos. Setenta entrevistas. Setenta pontos de vista. Uma aula de cinema, uma aula de jornalismo, uma aula de crítica. Um tratado sobre como ver o filme. Isso é "Crítico", primeiro longa metragem do diretor (e crítico) Kleber Mendonça Filho. Durante o filme, ele faz mais do que exibir entrevistas, ele ensina a ver um filme.
Destaque para a edição, que expõe os pontos de vista opostos de uma maneira incrível. Todas as opiniões, de críticos e cineastas, são confrontadas pela montagem como se fossem um só diálogo. Só pra dar um gostinho, olha como ficou esse:
ANDRUCHA WADDINGTON - O filme é como um filho, o cineatsa sempre trata ele como um filho. Dói ver seu filme ser criticado assim como dói ver um filho ser criticado. O importante é saber que quem está sendo criticado é seu filho, o filme, e não você.
WALTER SALLES - Eu nunca trataria um filme como um filho. Ele não é meu filho, é meu trabalho. E ninguém é mais crítico ao meu trabalho do que eu.
Os entrevistasdos são os melhores possiveis, ouvindo desde gênios do cinema, como o recluso Gus Van Sant e o brasileiro Fernando Meirelles. Também falam outros nem tão bons assim, mas eu prefiro não citar nomes. Vocês podem achar que a nota que estou dando ao filme contradiz o meu texto, mas vou explicar: o filme é todo em close-up, e isso me causou um certo incômodo. E algumas tremedeiras da câmera, e pedaçõs de pessoas que não estavam no quadro aparecendo, e alguns pequenos erros... somados, causam um grande incômodo. Nada que desmereça o magnífico conteúdo das entrevistas.
