De todos os dramas que uma família pode vivenciar, certamente o mal de Alzheimer é um dos piores. Saber que o ente querido não terá cura, e progressivamente vai perdendo a memória como se desligassem interruptores de luz é no mínimo, triste. Longe Dela (Canadá, 2006) fala sobre a doença com um casal que está há mais de quarenta anos juntos.
Grant (Gordon Pinsent) e Fiona (Julie Christie), estão aposentados e vivem na zona rural de Ontario. Fiona começa a perder a memória, aparentemente sofrendo do mal de Alzheimer. Quando ela mesma percebe que a doença está avançando, decide ir para uma casa de repouso. A regra é clara: Grant ficará trinta dias longe de Fiona, para dar tempo das coisas “se ajustarem”. Ele se entristece, pensando que ao longo dos mais de quarenta anos de casados eles nunca tinham ficado tanto tempo longe. Também vai conviver com o medo de que poderá esquecer dele durante este tempo.
O filme é bastante “sóbrio” em lidar com o tema. Não aposta fundamentalmente nos sentimentos profundos dos personagens, e tenta mostrar a doença de modo mais frio possível. Mesmo assim, como o tema é “pesado” por natureza, não é incomum chorar, já que a história como um todo tem enorme potencialidade dramática.
A interpretação do casal de idosos impressiona. Gordon Pinsent incorpora Grant de forma tão real que não vemos “o ator” em nenhum momento, transmitindo emoções para quem assiste de forma intensa sem ser brega. Grant é sentimental, não sentimentalista. Julie Christie também impressiona, passando com exatidão os sofrimentos de quem sofre Alzheimer, dando a entender que lá no fundo ela sabe que está doente. Nos momentos finais a atriz brilha como nunca.
Longe Dela é intenso, triste, e reflexivo, explorando poucos recursos cinematográficos. O baixo orçamento não diminui o brilho das escolhas da diretora, Sarah Polley. No fundo é um “tempero”, por ser bem produzido em todos os seguimentos mesmo nessas condições.