Depois do sucesso de Super Xuxa Contra o Baixo Astral, Xuxa decidiu deixar de ser super heroína e resolve assumir o papel de “pobre coitada”. Com Sérgio Malandro no papel de príncipe encantado no cavalo branco, e Marilu Bueno como tia malvada, Lua de Cristal (Brasil 1990) é um “clássico” do cinema nacional, e a maior bilheteria da década de 90.
Maria da Graça (Xuxa) é chorona e pobre que se muda para a cidade grande pretendendo ser cantora. Ela vai para a casa da tia Zuleika (Marilu Bueno) e tem dois primos que vivem atormentando sua vida: Cidinha (Julia Lemmertz) e Mauricinho (Avelar Love). Maria trabalha na casa como uma escrava, mas acaba se tornando amiga de Duda (Duda Little), uma criança esperta, e Bob (Sérgio Malandro) que a ajuda na carreira de cantora e também dá um emprego na lanchonete que trabalha.
Verdade seja dita: para padrões “Xuxianos”, o filme está acima da média. O ritmo da história é bom, além de não subestimar a inteligência das crianças como o longa anterior. A mistura de “novela mexicana” com “contos de fadas” para a trama de Maria até que é interessante, com interpretações bem exageradas e tudo de forma bem “caricata”, ou seja, os vilões são malvadões, roupas pretas, risadas maléficas, etc. O que irrita é o fato do Sérgio Malandro ser o príncipe do filme, talvez nem as crianças mais puras consigam imagina-lo sem lembrar do “Glu Glu Yeah Yeah”.
O “surrealismo” do filme anterior dá lugar a uma tentativa de realismo. Agora a Xuxa não entra mais em uma televisão depois de conversar com uma almofada dublada pela Sandra de Sá, mas vive num cenário urbano onde ela trabalha e tem que ganhar dinheiro para seguir com a carreira de cantora. Apesar do filme ser tosco como um todo, a cena final com a perseguição é divertida, com a música dando o ritmo certo nos momentos em que a Xuxa está na moto com o primo, mas é estragada com a vinheta de “príncipe encantado” na hora em que Sérgio Malandro aparece, dando vontade de rir com os closes no rosto do Malandro gritando “MARIA”.
Lua de Cristal é um “trash divertido”. As crianças vão gostar, e os adultos irão rir pelo absurdo e pelo tosco. Sem dúvida é o melhor filme da rainha dos baixinhos, mesmo que isso não signifique muita coisa. Quem estiver na faixa dos 20 anos pode olhar pra esse filme hoje com certa nostalgia e dizer “nossa… não lembrava que esse filme era desse jeito”.