Começa hoje, no Rio de Janeiro, o Festival Varilux de Cinema Francês e o Lixeira Dourada acompanha o evento.Nos próximos dias, nosso site vai publicar críticas referentes aos filmes do festival. Para mais informações acesse: http://www.festivalcinefrances.com/
O diretor Michel Leclerc continua se firmando e já é um novo nome para se pensar em prestigiar logo que encontrado em um cartaz. Dessa vez ele nos presenteia com uma comédia romântica de forte cunho social. Os Nomes Do Amor (Le nom des gens, 2010) é um filme com a cara do novo cinema francês, que diverte e encanta.
Bahia (Sara Forestier) é completamente liberal e vive de acordo com o clássico ditado: faça amor, não faça guerra. A protagonista utiliza suas habilidades sexuais para conseguir mudar a opinião de seus inimigos políticos, desde líderes de estado até simples conservadores de direita. Não há nada que ela saiba fazer melhor do que sexo e seu dom serve como arma política. Sua técnica rendia muitos resultados até que Arthur Martin (Jacques Gamblin) cruza seu caminho. Ela acredita que com um nome tão comum assim (existem mais de 10 mil Arthur Martins na França), ele está fadado a ser uma pessoa verdadeiramente conservadora e prepara-se para atacá-lo. Porém, ao descobrir que Arthur é um colega de esquerda, não volta atrás. Decide que quer ficar com ele por outro motivo. Assim um romance inesperado, de duas pessoas completamente diferentes e de histórias muito complicadas acontece.
O filme é recheado de tiradas interessantes e construído a partir de um roteiro muito inteligente. Apesar do nudismo e insinuações sexuais quase intermináveis, o filme não perde o caráter leve e romântico. Quase sempre passando por cima de tabus de maneira cômica, a produção consegue tratar de assuntos sérios de forma suave e produz reflexões sem revolta ou desespero. As personagens surpreendem em suas atitudes nos levando a um filme de caminhos inesperados, que segue tranquilo e prende o espectador. Ainda que alguns momentos sejam tomados de um humor próprio e cultural, em cenas em que fica clara a ‘pausa para o riso’, não preenchida em cinemas brasileiros, o longa não perde o ritmo contagiante um segundo sequer.
Uma viagem no tempo para explicar os transtornos e contradições do homem em seus momentos de preconceito encaixam perfeitamente e o filme deixa de ser apenas uma comédia e se torna mais completo tanto em suas abordagens como quanto arte. A crítica política, que abriga as complicadas questões de imigração, religião e intolerância, chegando até a sexualidade, é muito bem focada na obra. A apresentação dos personagens a partir da escolha dos seus nomes, entrando forte nas problemáticas de seus pais e na cultura familiar é levada de forma divertida e completamente útil para entendermos suas complexidades. O diretor acerta na cadencia do filme que permite a interação perfeita entre as críticas políticas e o romance bem humorado. O óbvio comum de um filme que se divide em setores da lugar a um conjunto original e competente dos assuntos que torna a trama mais gostosa. Méritos à Leclerc.