Esse texto está sendo republicado como parte da Retrospectiva Harry Potter e cobre o filme: Harry Potter e as Relíquias da Morte, parte 1. Para continuar, clique em "ler completo". Para ler os outros textos da retrospectiva, clique AQUI. Para ver o texto original, clique AQUI.
Harry James Potter nasceu, como nas melhores fantasias, de um devaneio. Uma inspiração súbita inundou Joanne Kathleen Rowling em um trem lotado e, desenhada quase que por magia, a saga mais importante da história da literatura infanto-juvenil tomou forma. A jornada, levada para as telas após o sucesso estrondoso de vendas, transformou-se no maior fenômeno pop dos nossos tempos. A primeira metade do sétimo capítulo da série justifica seu frisson antecipado e chega aos cinemas para encerrar um ciclo. Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte I (EUA, 2010) é uma obra-prima da aventura.
Harry Potter está, pela primeira vez, fora dos domínios de Hogwarts. E esse é, sem dúvida, o grande salto narrativo da série. A unidade de lugar, presente nos seis primeiros capítulos, dá espaço a um dinamismo inédito – o amadurecimento inevitável de Harry só poderia ser possível no mundo exterior aos portões protegidos por Dumbledore e a Ordem da Fênix. Mesmo que, dada a atual conjuntura, Hogwarts não seja tão segura quanto nos anos anteriores.
O trio Daniel Radcliffe (Harry), Rupert Grint (Rony) e Emma Watson (Hermione) encontrou, finalmente, o tom ideal para seus personagens. Rupert, mais uma vez, destaca-se, dessa vez aliando intensa carga dramática à já usual ironia característica de Rony. A fotografia e a direção funcionam como uma continuação estética do filme anterior, e, portanto, não apresentam maiores novidades. Mas a trilha sonora, destaque supremo dessa vez, acrescenta (e muito) para a construção do terror necessário para a trama. Os temas de John Williams agora dão lugar a uma música intensa e, porque não, assustadora.
Parece perceptível a intenção de compreender que, assim como seus próprios personagens, o fã de Harry Potter, enfim, cresceu. A intensificação do suspense e do terror não parece nem de perto corresponder à fantasia ingênua dos primeiros capítulos. A cinessérie aproxima-se do fim com a (quase) certeza de eternidade. Para os fãs, já ansiosos para a estreia da segunda parte, na próxima sexta-feira, fica a impressão de que, infelizmente, só nos resta aceitar a condição de órfãos da primeira grande fantasia das nossas vidas.