Agora vou escrever sobre a obra de arte que acabei de ver: "Vocês, Os Vivos" (Du Levande, de Roy Andersson, Suécia/Alemanha 2008).
O filme INTEIRO é montado em plano aberto e quase todo em câmera estática. As duas exceções são uma caminhada e um microtravelling. Assim ele mostra situações tão cotidianas que chegam a ser banais, tão banais que chegam a ser fúteis e tão fúteis que chegam a ser engraçadas. Um filme maravilhoso, que de forma simples consegue mostrar as fragilidades das relações humanas e como nossas vidas são vazias. Aqueles personagens poderiam ser eu e você, e isso assusta. Andersson revela a alma humana através de uma série de eventos vazios.
O filme começa citando um famoso epígrafo de Goethe: "Be pleased then, you the living, in your delightfully warmed bed, before Lethe's ice-cold will lick your escaping foot" (em tradução livre: Agradeçam então, vocês os vivos, em sua deliciosa cama aquecida, antes que a brisa congelante de Lethe lamba seu pé descoberto). Sem dúvida poderia acabar com "Logo, logo nós saberemos, se aprendemos a aceitar que as estrelas não se apagam quando morremos." (poema de Abba Kovner). É, também podia terminar de forma mais direta com algo do tipo "A vida é uma droga, você se ferra e morre depois", afinal, não morrem os personagens quando o filme acaba? Não morremos todos quando NOSSO filme termina?
O filme é divertido sim, mas a mensagem dele vai muito além do que é exibido na tela. Abaixo, o trailer: