sábado, 13 de fevereiro de 2010

Frente às Lentes

A visão pode ser um processo biológico como outro qualquer. Apesar disso, o encanto que desencadeia esse “simples” sentido humano no cinema resultou, até agora, em produções respeitadas pela capacidade de captar a sensibilidade por detrás da subjetividade dos olhos.

No cinema iraniano, com Majid Majidi, “A Cor do Paraíso” (Rang-e khoda, Irã, 1999) mais uma vez vem trazer um pouco da temática infantil característica do cinema local. Em seu quarto longa-metragem, o autor usa a captação da imagem e do som como recurso compensador. Nos cenários bucólicos e na variação das cores a câmera de Majidi transfere para o espectador o visual que envolve Mohammed, um menino cego rejeitado pelo pai. Os sons da natureza e a delicadeza do toque completam o que podemos chamar de “lição” no filme: a beleza está na forma que se busca enxergar.

acor

O dinamarquês Lars Von Trier também fechou os olhos e deixou suas 100 câmeras falarem por ele. “Dançando no Escuro” (Dancer in the Dark, 2000) conta a história de Selma (interpretada pela cantora Björk), uma imigrante do Leste Europeu que sofre com uma doença hereditária degenerativa que, aos poucos, vai lhe tirando a visão. Lars apresenta com ironia a tristeza da personagem que venera os musicais hollywoodianos e sonha acordada com coreografias, ritmos e musicas que lhe ajudam a fugir da realidade.

Dancando-no-Escuro

“Ensaio Sobre a Cegueira” (Blindness, 2008), do brasileiro Fernando Meirelles, foi de início audacioso. Adaptar José Saramago é, como qualquer adaptação de livro para o cinema, a produção de outra obra. E o diretor conseguiu. Assim, antes de qualquer coisa, Meirelles conseguiu trabalhar a essência que Saramago construiu, da falta de identidade ao mal branco, com maestria. A cegueira moral pesa na imagem, da fotografia aos atores, e o resultado emocionou até os olhos portugueses do grande Prêmio Nobel.

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