quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CADERNOS DO CINEMA: Haute Couture Mise En Scène

Texto publicado originalmente no blog CADERNOS DO CINEMA em 11 de novembro de 2009. Clique AQUI para ler o post original.

Ver filmes biográficos foi sempre um problema para mim. Sempre achava chato. “Poxa”, pensava eu, “como pode ser legal um filme que você sabe que o personagem principal morre no fina?”. Confessar-lhes-ei, estimados leitores, que guardava esse enjôozinho até pouco tempo, quando caí numa sala de cinema para ver Diários de Motocicleta. Aprendi como um recorte interessante de uma vida polifônica pode ser atraente. Isso quebrou o meu preconceito.

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Algum tempo depois, ocorreu-me um arroubo sentimental quando vi Piaf: Um Hino Ao Amor – principalmente pela atuação enérgica e majestosa de Marion Cotillard –, e isso me mostrou quão grandioso esse gênero pode ser. Já em “Coco Antes de Chanel”, a biografia cinematográfica chega a um equilíbrio e a uma sensatez matemáticos.
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A atuação de Audrey Tautou liberta-se do estigma “Amélie Poulain” – pelo menos eu sempre a via como “a cara francesa conhecida para fazer filmes de alcance internacional”– e atinge um trabalho justo e preciso. Desse modo, o recorte da vida de Chanel – muito bem desenhado pela, além de co-roteirista, diretora Anne Fontaine – ganha riqueza e profundidade, revelando quão importante foi essa fase para a formação da própria personagem que Chanel era na vida real.
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O trabalho harmônico entre os movimentos de câmera e a trilha aponta os momentos de decisão de Coco, sempre num enquadramento em que ela fica no centro, destacada por sua diferença da mesmice que a envolve. No entanto, o grand finale com o jogo de espelhos no seu desfile brinca com as várias facetas dessa mulher – sempre com um rigor estético impecável. Coco Avant Chanel (no original) é, como a crítica do JB disse, “clássico como um tailleur Chanel”. Acrescentemos, justamente: e também é lindo.




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