Chega amanhã aos cinemas o novo filme de Peter Jackson, que não ocupava o posto de diretor em um longa-metragem desde 2005, quando lançou o remake de King Kong. “Um Olhar do Paraíso” (The Lovely Bones), assim como seus trabalhos mais famosos (lê-se a trilogia O Senhor dos Anéis) foi adaptado a partir de uma obra literária. O livro em questão é Uma Vida Interrompida – Memórias de um anjo assassinado, best-seller da americana Alice Sebold, que foi parar na cabeceira de Jackson enquanto finalizava As Duas Torres. Considerando o histórico do diretor, o filme não é exatamente o que se espera dele. No bom sentido.

A trama se desenvolve a partir do brutal assassinato da jovem Susie Salmon (“Salmão, como o peixe.”), interpretada por Saoirse Ronan (de Desejo e Reparação). Naturalmente, a tristeza se abate sobre a família, transformando o pai, Jack (Mark Wahlberg) em um homem obcecado e a mãe, Abigail (Rachel Weisz), em uma mulher distante e deprimida. é nesse momento que chega Lynn (Susan Sarandon), a avó pinguça que acaba assumindo a missão de cuidar da casa e reunir a família. Ao longo do tempo, enquanto Susie observa de seu espaço “entre o céu e a terra”, fica cada vez mais frustrada com o sofrimento de sua família e com a normalidade na vida de seu assassino, o sr. Harvey (Michael Imperioli), um dos vizinhos da família e começa a tentar mandar sinais. Ela deseja justiça a qualquer custo, de forma que punir seu agressor passa a ser a única maneira dela se libertar e “seguir adiante”.
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O diretor Peter Jackson orienta os atores Saoirse Ronan (Susie Salmon) e Reece Ritchie (Ray Singh, quase namorado de Susie). |
A temática poderia ser um boa desculpa para fazer do filme um quase-thriller com exageradas demonstrações de efeitos especiais, especialmente no que diz respeito às cenas de Susie no “outro lado”. No entanto, Peter Jackson nos surpreende e dá preferência às locações, ao invés de grandes estúdios com chroma-key, e a truques de iluminação e filmagem. A linda fotografia e os figurinos/cenários impecáveis criam a ambientação perfeita pra cada momento do filme, sendo completados pela trilha sonora de Brian Eno. “Um Olhar do Paraíso” poderia ser feito de muitas formas, mas só uma delas traria a sensibilidade necessária para tratar de um serial killer sem causar reações adversas, e essa foi a forma escolhida por Peter Jackson.

