
RENATA SOUZA
Pode ser conferido nos cinemas o mais novo filme de Michael Haneke, o mesmo diretor de Caché (2005) e da refilmagem de Violência Gratuita. Haneke também assina o roteiro deste drama mergulhado numa intensa atmosfera de suspense. Ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2009, "A Fita Branca" (Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte) nos remete a uma aldeia no norte de uma Alemanha pré-guerra, no ano de 1913.

O pacato vilarejo protestante tem sua calmaria perturbada quando estranhos acidentes começam a acontecer, acidentes estes que acabam por envolver todos os moradores da comunidade: os camponeses, o barão, o reitor, o pastor, o médico (Rainer Bock), a parteira, o professor, seus alunos. A trama começa com o misterioso acidente do médico a caminho de sua casa: um arame esticado entre árvores derruba seu cavalo lhe causando graves ferimentos e o mantendo internado por longo período. Não se descobre o culpado. O acidente parece ter sido, por fim, um triste acontecimento isolado. No entanto, quando todos estão prestes a esquecer o estranho ocorrido, outro acidente se revela. Aos poucos mais desses “acidentes” somam-se aos perturbadores acontecimentos. O medo passa a tomar conta do povo da aldeia alemã uma vez que, aparentemente acidentais, os ocorridos parecem, agora, manifestar um caráter punitivo. Resultado: uma comunidade inteira com seus nervos à flor da pele, um improvável porém oportuno momento para que temerosos segredos possam vir à tona. Segredos esses que podem apresentar uma provável ligação com os acidentes.

Sem qualquer tipo de música na trilha sonora, o filme cria uma atmosfera tensa e, apesar de lento, prende a atenção. Afinal de contas o grande mistério do filme que gira em torno do responsável pelos enfadonhos acidentes é revelado no finalzinho. Ao longo do drama, contudo, percebe-se uma sutil suspeita...

O grande mérito do filme, sem sombra de dúvida, é a belíssima fotografia realizada em preto e branco, uma tarefa trabalhosa que demanda extrema técnica no mundo da sétima arte. Filmado na Alemanha, o drama revela-se um espetáculo em duas cores que o brilhante diretor de fotografia Christian Berger nos proporciona.

Embora ache que o final tenha me decepcionado um pouco, talvez por algum detalhe que eu tenha deixado escapar, vale a pena assistir mais esse filme de Michael Haneke. Em parte pela bela fotografia e, em outra, pelas ótimas atuações, inclusive das crianças que desempenham um papel fundamental nessa surpreendente trama.

