
RAFAEL BICA

Um filme que foi inspirado por um sonho de Woody Allen, Eu, Ela e Minha Alma (“Cold Souls”, antes intitulado “Tráfico de Almas”), trata justamente de um assunto que só mesmo o inconsciente poderia trazer alguma explicação: a alma humana. Presente no Festival de Sundance de 2009, o filme escrito e dirigido por Sophie Barthes foi muitas vezes comparado ao trabalho de Charlie Kaufman (“Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” e “Quero Ser John Malkovich”), no entanto, quem toma a responsabilidade pelo sucesso do filme é o protagonista, Paul Giamatti (“A Dama Na Água” e “Sideways”).
O americano interpreta a si próprio, como um ator que está se preparando para atuar em "Tio Vanya", peça de Tchekhov. Pressionado pelo papel do personagem russo e vivenciando uma crise existencial, Paul acaba descobrindo uma empresa que promete retirar o peso da alma. Na busca por mais tranquilidade, decide contratar seus serviços.
A partir daí é que os problemas do plano espiritual acabam por atormentar ainda mais o ator, que ao tentar resolver sua situação, acaba por descobrir toda a máfia envolvida no tráfico de almas.
Em seu primeiro longa, Barthes não poderia ter escolhido melhor ator que Paul Giamatti para representar a angústia de um desalmado de maneira tão sutil e cômica.
