quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Nova Geração

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Xavier Dolan pode não trazer inovação para as telas do Festival do Rio, mas sua atuação, seu texto e sua direção surpreendem nas sutilezas técnicas e no envolvimento psicológico em ambiente cinematográfico. O encantamento de “Eu Matei Minha Mãe” (J’ai Tué Mère, Canadá, 2009) é resultado de uma sinergia de influências e referências aliadas a uma ideia que põe em discussão a complexidade da relação entre pais e filhos, principalmente entre mãe e filho. Assim, pode-se dizer que o jovem diretor de apenas 20 anos tem nas mãos não apenas um grande filme, mas uma inteligente rede de convergência.

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O personagem Hubert de 16 anos vive uma conturbada relação com sua mãe, com a qual possui intensas explosões e demonstrações de amor e ódio. Sua homossexualidade, sua ânsia por compreensão e diálogo estimulam o espectador a também questionar a estrutura desse laço. Passando suas lentes por esse conflito, nos remete primeiramente a Truffaut em “Os Incompreendidos”, em que a mente infantil (no caso de Hubert, mais juvenil) apresenta na escola a mãe como morta. A relação com as instituições normalizadoras também é um ponto em comum, passando da estrutura familiar para escola e da escola para o colégio interno.

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Sua obra traz uma plasticidade que resgata um pouco do cinema francês antigo, ao mesmo tempo que interage com uma agressividade ácida e inteligente típica da juventude pós moderna. Seus cortes secos, enfoques lentos, planos com enquadramentos inquietantes, cores fortes e contrastes não se mostram forçados a criar uma narrativa recortada e original, mas fluem com a naturalidade e identidade. Por fim, com desenvoltura e trato psicológico fantásticos, sua linguagem incisiva e seus diálogos são capazes de levar o espectador do riso à angústia, permeando os altos e baixos dos “Eu te amo” e “Eu te odeio” que ditam os 96 minutos do filme.

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