terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ser ou Imitação do Ser?


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Essa é a pergunta que se faz quando se termina de assistir o documentário "Jogo de Cena", de Eduardo Coutinho, lançado em 9 de novembro de 2007. O filme narra o drama da vida de algumas mulheres. As histórias vieram de mulheres que, atendendo a um anúncio de jornal publicado em junho de 2006, contaram a história de suas vidas em um estúdio. Foram oitenta e três histórias. Depois, vinte e três delas foram selecionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano, atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas pelas personagens escolhidas.


No início do filme, está tudo bem, são histórias contadas com muita emoção e sao captadas com toda a sensibilidade que Coutinho tem em ouvir as pessoas e faze-las serem ouvidas. Até que, em determinado momento, outras mulheres entram contando a mesma história, às vezes de forma mais emocionada que a primeira, e então o espectador fica perplexo diante do filme, sem saber de onde veio a história.
Algumas atrizes que participam do filme são muito conhecidas, como Marília Pera, Andréa Beltrão e Fernanda Torres, mas nem todas. O que fica é a sensação de que a história contada é de todas e de nenhuma. É uma eterna dúvida.

Segundo o diretor, a ideia de realizar esse documentário era antiga. "Jogo de Cena" foi construído explorando os discursos e narrativas que as pessoas elaboraram sobre elas mesmas. Não importa o conteúdo das falas em si, mas as formas como elas são contadas. A emoção que as pessoas passam contando os maiores dramas de sua vida. Importa como a memória é transformada e recriada ali, naquele momento.


"Coutinho explora os limites da narrativa, o potencial que existe em cada discurso que pode revitalizar, dar sentido e recriar tempos, eventos e pessoas. E por que, então, não usar atrizes, cuja profissão é exatamente dar vida a narrativas?" (Patrícia Rebello, em matéria publicada no DocBlog - site oglobo)

O filme acaba também questionando a autoridade que o narrador tem como produtor de verdades. E desloca a figura do documentarista, obrigando-o a atuar junto com as atrizes. Se documentário é aquele filme que, quando assistimos, nos dispomos a encarar como a realidade, Coutinho mostra que não importa crer mas sim embarcar no fluxo de histórias. Rir e chorar da vida e de sua representação. O que realmente importa é sentir.

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