Um filme que criou certa expectativa ao entrar na Seleção Oficial do Festival do Rio foi 35 Doses de Rum (“35 Rhums”). Mesmo tendo sido dirigido pela francesa Claire Denis, do aplaudido “Beau Travail”, o filme não chega a ser um trabalho tão bom assim.
Apesar da fotografia bem cuidada e de um trilha sonora colocada (quase) sempre nos momentos certos, a tentativa de montar um história sem linearidade não funcionou, já que a trama exige certa construção lógica, e criou a impressão de que faltou definir uma boa estrutura narrativa para o roteiro. Os atores, apesar de não serem ruins, se destacam em poucos momentos, fazendo com que uma história que poderia ser altamente emocionante e envolvente tenha alguns momentos apáticos. Mas, apesar desta afirmação parecer contraditória, é exatamente a simplicidade na construção das cenas que se torna o grande mérito de 35 Doses. E alguns comentários que os personagens fazem sobre suas vidas, também bastante simples, criam os melhores diálogos do filme.
35 Doses de Rum conta a história de pessoas que, apesar de estarem profundamente insatisfeitas com suas fidas, fazem nada (ou muito pouco) pra mudar essa situação. Lionel é piloto de metrô, se culpa por “prender” a filha, Joséphine, em sua vida e rejeita a companhia da mulher que o ama, Gabrielle. Joséphine, por sua vez, se divide entre a vontade de ficar cuidando do pai e o desejo de se casar com Noé, vizinho com quem mantém um quase romance, e sair do país com ele. Gabrielle é uma taxista e, apesar de ser rejeitada, se mantém sempre ao lado de Lionel e Josépine, a quem trata como uma filha (apesar da verdadeira relação das duas não ficar muito bem explicada). E Noé, apesar de aceitar uma proposta de trabalho no exterior, continua se sentindo preso à casa que herdou dos pais e a seu gato de estimação, e tenta convencer Joséphine a acompanhá-lo, para que ele consiga se libertar. Mas o “ritual” das 35 doses de rum não é explicado, apesar de ser citado em alguns momentos do filme.
