quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Volver às cores de Almodóvar

Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi, outra vez. Com a mesma fórmula diretor e roteirista-protagonista de “O Signo da Cidade”, Onde está a felicidade não chega a ser “só” mais uma comédia romântica no mundo. E embora não seja tão promissor a ponto de entrar para listas de filmes preferidos em redes sociais, tem jeito de que vai agradar ao público, carregando algumas xícaras de chá de visual kitsch-Almodóvar entre uma piada e outra.


Teo (Bruna Lombardi) é apresentadora de “A Receita do Amor”, um programa de culinária na televisão. Ou melhor, era. A coincidência de sua demissão com a crise no seu relacionamento com Nando (Bruno Garcia) a faz interpretar o comentário de sua maquiadora (María Pujalte) como conselho. O resultado: decide entrar numa jornada espiritual, para “encontrar sua voz interior”. Acompanhada de seu ex-diretor, Zeca (Marcello Airoldi), e Milena (Marta Larralde), sobrinha da maquiadora, Teo responde a pergunta “até onde você iria para encontrar sua felicidade” e coloca o pé na estrada, ou melhor, no Caminho de Santiago de Compostela.


Zeca, no entanto, enxerga a viagem somente como uma ótima oportunidade para outro programa, e com a ajuda de Milena – que está mais interessada em pintar as unhas do pé que em meditar –, consegue “arruinar” a peregrinação de Teo. Mas é claro que isso só serve de escada para o final poético “não existe caminho para a felicidade, ela própria é o caminho”. Um final já esperado desde a sinopse, já contado desde o trailer e há muitas gerações de filmes, poemas e filósofos. Um final bem clichê, mas necessário para um filme que, aparentemente, tem a pretensão de ser o entretenimento do jovem casal de namorados no fim de semana.



A história é bem levinha e gostosa de assistir, principalmente pela fotografia. Belas imagens com muitas cores e texturas. Isto, aliado às personagens espanholas, dá vontade de assistir novamente a algum Almodóvar. Mas o filme, no todo, não se compara aos do cineasta espanhol, não me entenda mal. Por mais bem pensadas que sejam certas cenas (como a do travesseiro, abaixo), a atuação muitas vezes toma a contramão. Vai ver foi por falta de um aspirador de pó na hora de refazer a cena, mas a atuação da protagonista não consegue sobressair em meio à ótima fotografia. Parece até artificial, aliás, para o que deveria ser uma das cenas mais marcantes.




Se Bruna Lombardi tivesse igualado sua atuação ao seu trabalho como roteirista, o filme poderia até agradar um pouco mais; bastaria uma enxugada aqui e ali no roteiro, para não dar chances de ninguém sair da sala de cinema dizendo que tomou chá de cadeira. E o clipe do final que, de tão ruim, merece spoiler, também merece um corte sem piedade. Pra quê, gente, colocar a letra da música na tela? Mas o filme vale a pena, sim. É bonitinho, e tem umas sacadas que, embora não cheguem a ser geniais, são bem engraçadas.

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