quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Que Foi Prometido

Em 2009, Claudio Torres prometeu nos mostrar “A Mulher Invisível”. Nós nos empolgamos apenas para ficar decepcionados. Agora, dois anos depois, seu sucessor espiritual chega às telas. Eis que surge O Homem do Futuro (Brasil, 2011). Embora, com nomes parecidos, a semelhança entre os dois acaba no título. O que podemos esperar desse último é um filme que promete acertar os erros cometidos no passado.



A direção ainda possui uma certa estranheza, mas pelo menos ela está bem melhor vestida. Na maior parte do filme, conseguimos aceitar sem problemas esse tipo de excentricidade. O que antes chegou a ser considerado “falta de naturalidade” agora passa mais batido. Em alguns momentos a trama chega a forçar a barra, mas consegue manter a sua unidade e não chegamos a nos perguntar o que estamos assistindo.


Quem viaja no tempo é Wagner Moura, que interpreta Zero, um professor universitário que encontra em um experimento acadêmico a chance de voltar ao passado e consertar sua desilusão amorosa com Helena (Alinne Moraes). Trata-se de uma história de amor até bastante bonita, com umas piadas inusitadamente engraçadas. Muitos podem não se sensibilizar com algumas de suas reviravoltas, mas eu confesso que gostei do último ban-ban-BAN.


Em termos de roteiro, o filme começa muito bem, de uma maneira não linear. Mas, no meio, ele tropeça na própria narrativa e o nosso interesse fica prejudicado. É aí que ele começa a evocar “De Volta Para O Futuro 2”, de uma maneira ruim. Felizmente, não é nada sério e ele consegue recuperar. Depois disso, vamos tranquilamente até o final. Embora o roteiro apresente falhas de estrutura, que são mais do que algumas, ele consegue cativar nossa atenção. É uma experiência boa no total.


O Homem do Futuro é um filme envolvente. Algumas coisas são difíceis de engolir, mas nada que vá deixar um gosto ruim na boca. Talvez o mais interessante seja o quanto ele consegue ser profundo sem deixar de entreter. Existe um sofrimento intrínseco ao personagem principal que nos pega de jeito. Com isso, tece uma intensa reflexão sobre a vida embalada pelos acordes do Legião Urbana, na versão do hit "Tempo Perdido" gravada pelos protagonistas para o filme. Apesar das dificuldades que Claudio Torres teve em emplacar um filme no passado, é legal ver um diretor com uma linha de trabalho tão específica evoluir e dar certo.

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