Revisitar clássicos infantis deixou de ser insight desde que entrou para o imaginário popular; em outras palavras, misturar personagens de várias historinhas numa só não é uma grande ideia. Shrek foge à regra graças à sua qualidade, mas infelizmente não estou falando de Shrek. Deu a louca na Chapeuzinho 2 (Mike Disa, EUA, 2011) é a prova de que julgar um filme pelo nome não é necessariamente preconceito - pode ser precaução.
A sequência não conseguiu fugir, como o filme anterior, da maldição de um título ruim. Fazendo jus ao nome, ele concretiza qualquer temor referente a continuações de filmes. Da dublagem sem emoção às sacadas clichê, a falha mais evidente é a falta de timing - seja na construção das piadas, seja em não respeitar a hora de parar e simplesmente desistir de levar à frente um filme que só daria certo em curta-metragem do bode. As cenas do bode, aliás, são as únicas com algum vestígio de graça. Uma tentativa de esquilo atrás de avelã, talvez, mas obviamente sem um terço da repercussão que teve o roedor. Faltou a sensibilidade para perceber que, a partir da terceira aparição non sense do personagem, a piada perderia completamente a força.
Piadas fracas e forçadas, essa é a receita que fez o filme desandar - a não ser que seu objetivo tenha sido funcionar como um catálogo de quase tudo o que já se viu (muitas vezes) por aí. Clichês perfeitamente encadeados uns aos outros desafiam a paciência e embalam um cochilo em 3D. E caso você note alguma coisa estranha na gravidade, acredite: não foi por causa da sua sonolência. A animação segue aquele estilo Jimmy Neutron, em que tudo parece estar flutuando numa grande bolha de ar quente.
Ah, sim. Você deve estar se perguntando sobre a história. Ela não tem nada demais; a moral é aquela coisa de sempre "bla bla bla, vamos ajudar os amigos e valorizar a amizade já que a união faz a força". É óbvio que nunca é demais ensinar valores às crianças, mas que seja de forma agradável e inteligente. Dar uma voz engraçada a um ogro verde, musculoso e supostamente mau não quebra a expectativa de ninguém. Isso era original na época de Looney Tunes, meu bem. Para repetir, coloque pelo menos algum diferencial que não se limite a um 3D dor de cabeça.
