Com um enredo simples, mas ornamentado por bons momentos, o filme de Marc Fitoussi,Copacabana (França, 2010), mostra um era pós rebeldia, onde filhos buscam o tradicional e pais carregam no sangue o momento revolucionário de sua célebre juventude.
Formada por duas mulheres, a família que estrela o longa é o retrato desse momento. Babou (Isabelle Hupert) é uma mulher de meia idade e passado agitado e que criou a filha enquanto se aventurava pelo mundo. Já Esméralda (Lolita Chammah, sonha em constituir uma família tradicional e se estabilizar, bem longe da mãe. A inversão de valores mostra um curioso ciclo cultural que culmina em inevitáveis e típicos conflitos. Quando a filha abre mão de convidar a mãe para o casamento por vergonha, Babou resolve se afastar e recomeçar a vida com um emprego, algo extremamente estranho à protagonista.
O filme deixa, então, tudo o que poderia ter de banal no enredo e vai aventurar-se assim como sua protagonista. Trata-se de um trabalho suave e impulsivo, com um roteiro que parece se deixar levar. Ainda assim, os momentos chave do longa são previsíveis. Uma série de sentimentos é proposta e mergulhamos em emoções reais sobre cada personagem, encontrando naturalmente o tom fundamental de um drama com relances de comédia.
Apesar das várias locações e do nome convidativo, Copacabana limita sua relação com as terras tupiniquins ao usar um repertório de músicas brasileiras entrelaçadas na vontade da personagem principal de conhecer o país (um dos poucos por onde deixou de passar em suas viagens na juventude). Um enorme contraste arranha paradigmas quanto o filme toca sambas de ‘rio 40 graus’ em praias frias e escuras, de tom mórbido. O nome da obra fica sendo algo praticamente simbólico, apenas um tempero para o encaixado e enxuto filme.
