

Quando descobri Janelle Monáe, ela estava estampada na primeira página de cultura de um desses jornais grandes de São Paulo. A promessa do soul, segundo eles, viria a ser um dos meus maiores vícios.
Tenho tara em tudo que é novidade no R&B, Soul, e fui caçar o álbum dela. Até porque não sabia ao certo se já vendia no Brasil. A cantora e bailarina Monáe, tem um dos álbuns de soul mais experimentais que já ouvi nessa minha curta vida musical. Lembro de ter escutado o The Archandroid, álbum de estreia da cantora, inteiro imaginando no final: A primeira música não acabou até agora! Cada faixa vai se unindo à próxima de uma forma bem gostosa e interessante. Não vale a pena colocar no shuffle!
Primeiro Tightrope, depois ColdWar, Many Moons... até que Amy Winehouse é finalmente confirmada no Brasil em fevereiro deste ano. Quem abriu o show dela? Janelle Monáe. Minha maior empolgação foi ver Monáe, apesar de amar a Mrs. Winehouse. Cheguei quase que atrasado para assistir ao show e fiquei surpreso com o público que estava sentado no chão desinteressado nela.
Sabe aquela vontade de gritar: “P**** VOCÊS SÃO MALUCOS? MÚSICA NOVA, DE QUALIDADE!”
Então, minha sorte foi ficar na grade por conta do pouco caso do público que só tinha ido ao HSBC Arena para ver Amy. Começou o show que duraria um pouco mais de 50 minutos e eu TRELOUCO enquanto as pessoas me olhavam cantar TODAS as músicas. Até hoje brinco que Amy Winehouse fez o encerramento do show de Monáe. E todo mundo morre né?!
Monáe é incrível no palco. Ela acredita naquilo tudo que está fazendo. As músicas embalam os devaneios dela pelo palco. Ou será da personagem que ela veste para o álbum: a andróide Cindi Mayweathe? Ela dança, se descabela, tem um surto de pintura e entra no mundo fictício de The Great Divide, lugar onde privam as pessoas do amor e liberdade, para salvar os moradores de Metropolis, a terra da andróide. Ela não precisa de palcos mega elaborados. Ela é o espetáculo. É uma experiência!
Janelle poderá ser sim a nova promessa do soul, mas ainda é muito experimental para o grande público. Diferente de Amy que estourou em tão pouco tempo, mas com uma levada mais comercial. Um dos incômodos de Winehouse no início da carreira foi justamente não terem deixado ela fazer música do jeito dela, porque seria “experimental” demais e não agradaria a esse grande público.
Janelle volta ao Brasil para tocar no palco Mundo do Rock In Rio no dia 29 de setembro e dar mais uma oportunidade de cair no gosto do público.