sábado, 30 de março de 2013

Animação Suicida & Musical



Nascemos com a promessa da morte soprando atrás de nossas orelhas frias. A cartilagem congela com o hálito da dama de preto. Crescemos, vivemos como se não houvesse o amanhã. Iludimos-nos de uma eternidade momentânea. Uns, naturalmente esperam o fim, outros, mais corajosos, clamam pelo anjo negro na hora de dor, ou de sofrimento irreversível da alma.



Como criticar, ou até mesmo refletir sobre como anda o universo e o culto ao obscuro? Índices de mortes não naturais é altíssimo, ainda mais em grande cidades. E nessas mesmas megalópolis, o fantasma do suicídio assusta a população e o interior mais profundo de cada cidadão.


A Loja do Suicídio (Le Magasin des Suicides, França, 2012) é uma interessantíssima e inventiva animação musical. O filme, de pouco mais de uma hora, conta a história de Alan, um jovem filho de pessoas facilitadoras de suicídios alheios. O garoto é o único ser sorridente um universo cinza de olheiras gigantes. E sua vontade de acabar com o alto número de mortes é o motor condutor da obra.


Confesso a paixão imediatamente nutrida pelo filme ao terminar de assisti-lo. Minha cabeça começou a remontar minhas próprias questões existencialistas e se eu soubesse cantar, teria entrado completamente no clima e escrito uma canção inspirada no que vi. Letra da qual eu falaria, de forma tragicômica, da vida, do amor e da morte... O refrão descreveria em rimas a dor de estar vivo e a fácil escapatória pela morte. Cantaria a plenos pulmões sobre o suicídio como desculpa, e tentaria culpar o mundo, mas nunca a mim mesmo. Por fim, encerraria a canção falando das lembranças boas, porque somente por elas estou vivo até agora.
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