
Como é complicado lidar com um sentimento instável. Dizia
Maquiavel ser da natureza humana a ingratidão, a dissimulação, a covardia. É
certo que ele se referia à política, mas o que é a política senão a conquista e
manutenção do poder e em que ela difere com o amor? Ouvimos diversas vezes a
seguinte frase: “alguém tem que ceder”, mas aquele que abre mão pela felicidade
do outro só o faz mediante conquista. Mas até onde é permitido chegar para se
manter um relacionamento a dois?
Em Sexo Com Amor (“Sexo
Con Amor”, 2003, Chile), o diretor chileno Boris Quercia faz uma abordagem
cômica desse grande dilema que afeta a todos: o relacionamento. A história é
dividida em três partes – três casais – independentes, mas que de certa forma
se convergem.
Em uma reunião de responsáveis, numa escola, cuja finalidade
era a discussão sobre o tema da sexualidade em sala de aula, é introduzida a história
de três casais e seus problemas sexuais, tudo com grande e uma certa frustração. Vemos Alvaro, um grande empresário, casado
e prestes a ser pai, e sua vida “agitada” e cheia de amor. Temos Luisa, a
professora do colégio que mantem uma relação secreta com o pai de um de seus
alunos. E, para terminar, tem o açougueiro Emílio com problemas conjugais que o
forçam a um hiato sexual.
Um ponto que chama a atenção é a
predominância da visão masculina desses casos. O marido que suspeita a traição,
a mulher frígida que atormenta o seu companheiro e a jovem “afoita” por um
relacionamento mais sério. Deparamo-nos com uma série de vicissitudes que, de
alguma forma, justifica o comportamento – às vezes injustificável - de seus cônjuges.
Apesar dessa visão um tanto machista, é um
divertidíssimo filme. Uma boa pedida para um domingo à tarde.