terça-feira, 26 de março de 2013

Para Abrir Os Olhos

Charles Chaplin costumava dizer que “a vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe”. Nesse sentido, o diretor e roteirista argentino Sebastián Borensztein nos mostra o quanto é difícil lidar com a perda repentina e a reclusão voluntária que vem em seguida. Quase um estudo freudiano, o qual aponta que, em momentos de frustação, usamos do escapismo, seja pelas substâncias químicas, isolamento, expressão artística, meditação. Temos uma série de subterfúgios, porém são todas modalidades de fuga do problema. O não enfrentamento leva ao que chamamos imaturidade emocional e é nessa premissa que se baseia a tragicomédia Um Conto Chinês (“Un Cuento Chino”, 2011, Argentina).


O filme mostra dois homens separados geograficamente e por culturas distintas. Porém unidos por um ponto em comum: a perda de um ente querido. Roberto (Ricardo Darín) é um ex-combatente da Guerra das Malvinas que, ao regressar para casa descobre que seus pais haviam falecido enquanto estava na guerra. Já Jun (Ignacio Huang) assisti a morte de sua noiva em um trágico (verídico) acidente em que uma vaca cai sobre ela.


O encontro de dá por acaso em terras portenhas. Jun está em busca de um tio quando “atravessa” o caminho de Roberto – homem recluso e com mania de colecionar recortes de jornal com notícias inusitadas – que mantem uma vida pacata cuidando de sua loja. Sebastián retrata a difícil convivência entre um chinês que não fala espanhol e um argentino que não compreende nem o básico do mandarim. Mas é nessa diferença que consiste a igualdade dos personagens. Eles não são apenas diferentes entre si, mas também em seus países – ambos fazem parte da história de suas sociedades.


O fato é que, com o passar do tempo, eles descobrem que um tem a “cura” do outro. Ambos chegam à conclusão de que “uma guerra não se evita, uma guerra se adia”. Não importa o quando fujamos dos problemas, porque num dado momento teremos que enfrenta-lo. Essa é a grande mensagem do filme: há sempre uma solução, apesar dela nem sempre ser fácil e prazerosa.
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