sexta-feira, 27 de julho de 2012

Um Rockstar em Crise

Escalar o oscarizado Sean Penn para um filme quase sempre é garantia de sucesso. Aí você coloca uma peruca comprida, passa bastante base e um batom vermelho nele. Aí alguém te conta que ele não vai interpretar um travesti e só sobra uma opção: um rockstar decadente. E é esse mesmo o papel dele no estranho Aqui É O Meu Lugar ("This Must Be The Place", Itália/França/Irlanda, 2011), do diretor Paolo Sorrentino, que entra em cartaz hoje nos cinemas.



Cheyenne (o do Sean Penn, não a da novela) é um rockstar muito famoso, já cantou até com o Mick Jagger, mas entrou em crise há uns 20 anos quando dois jovens fãs se inspiraram em suas letras pseudo-depressivas para cometerem suicídio. Carregando a culpa pela morte deles, se mudou para a cidadezinha irlandesa onde eles moravam e parou de cantar. Como penitência, visita o túmulo dos dois uma vez por semana. Quando seu pai, com quem ele não falava há 30 anos, está no leito de morte, o cantor decide voltar para Nova York para rever a família, mas seu medo de avião o obriga a pegar um navio, fazendo com que ele chegue tarde demais para ver o pai ainda com vida.


Ele descobre, no entanto, que o pai estava involvido numa complexa investigação para caçar o nazista que o havia torturado num campo de concentração, e decide prosseguir com a vingança. Cheyenne, então, se envolve numa caçada pelas cidadezinhas mais improváveis dos Estados Unidos, rastreando toda a família do nazista até chegar a ele. Como não poderia ser diferente, cada novo personagem que surge na trama provoca algum tipo de modificação na personalidade do nosso rockstar, até que ele considere sua missão cumprida e volte para casa.


O filme é um pouco vazio, mas tem seus bons momentos, como algumas excelentes piadas com o mundo do showbiz e belíssimas imagens de paisagens americanas praticamente desconhecidas. A atuação de Sean Penn em si é levemente exagerada, o que a torna perfeitamente coerente com um astro do rock em crise de meia-idade (muitos dos seus traços podem te lembrar Ozzy Osbourne, principalmente se você tiver assistido a alguns episódios do realily show da família, exibido pela MTV há alguns anos). 


Aliás, o filme está cheio de referências ao mudo da música pop: o título original saiu de uma canção do Talking Heads (recentemente revivida pelo Arcade Fire), há uma excelente participação do líder da banda, David Byrne, tocando a música e Cheyenne chega a citar Lady Gaga. No geral, uma obra que pode ser um pouco chata e longa demais para alguns, mas que tem partes que podem ser divertidas o suficiente para outros.

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