
Estamos na distante e pouco falada Finlândia. Helsink pulsa mais do que falam. É frio e um bom chá quente nos acompanha para o primeiro filme do ciclo branco e azul. Lá fora faz frio mesmo numa noite de verão. Então nada melhor que ligar o aquecedor, o DVD e ser feliz (Ou não?!).
O primeiro diálogo é em russo, as primeiras cores lembram a bandeira
sueca e a trilha sonora passeia por outros países da Europa.
Dirigido e escrito por Aki Kaurismäki, esse filme mistura mais referências do
que um milkshake de todos os sabores. Com um ar de filme noir, situações “Almodovarianas”, simplicidade genial de
Chaplin, um pouco de teatro do absurdo e atores robóticos (seja lá isso bom ou
ruim). Junte tudo isso ao personagem menos carismático e mais impossível de se
identificar. Voilà. Temos a película
mais louca das minhas últimas semanas, e olha que assisti algumas bizarrices experimentais.
Luzes no Crepúsculo (Laitakaupungin valot, 2006) me deixou sem reações iniciais. Os mais longos 75 minutos da minha vida. Os
créditos finais subiram e nada vinha à minha mente. É tão ruim e eu não
consegui parar o filme em nenhum momento.
Este fecha a trilogia iniciada
por “Nuvens Passageiras” e “Um Homem sem Passado”. Desemprego, desalojados e
solidão são seus respectivos temas em ordem de lançamento. O último é talvez, o
mais melodramático dos três, bem no estilo Iñarritu de se contar histórias.
Koistinen (Janne Hyytiäinen) vê toda sua vida e sonhos tirados de si aos poucos
por uma mulher fatal. E nós, espectadores, acompanhamos atordoados um homem
perder tudo sem lutar de volta.
“A minha alma não poderia tolerar o género de realismo agreste
necessário para descrever a moderna cidade de Helsínquia – sinto-me como se
fosse forçado a ir contra um muro de pedra. Sinto-me, também, forçado a
redesenhar todas as cidades escondidas em várias décadas. Não consigo mostrar
um carro moderno porque eles são tão feios e impessoais. Consegui fotografar
Londres e Paris sem mostrar um único carro e, apesar disso, os meus filmes
passam-se nos tempos modernos. Defendo uma câmara que se identifique com os cenários
da época que são descritos – e que represente essa época em toda a sua
selvajaria.”
Aki Kaurismäki
Vale como experiência antropológica!