
Às
vezes fico indignado com as traduções que dão para os filmes aqui no Brasil.
Fui pegar um de terror oriental para escrever aqui para o lixeira, e me deparo
com MEDO( Título original: A Tale of Two
Sisters, Coréia do Sul 2003). Sim, o filme até dá medo, mas não condiz nada com
a proposta do longa metragem, que é mais voltado para o suspense. Para quem
espera algo com grito e mortes assustadoras vai se decepcionar, pois o horror
fica no psicológico, não no escracho.
Duas
irmãs voltam para casa após passar um tempo num internato. Elas são recebidas
de braços abertos pela madrasta que logo depois se mostra uma mulher cruel. Aos
poucos, acontecimentos perturbadores vão deixar os nervos à flor da pele. Todos
escondem um mistério horripilante. Há outras almas presentes no ar. Almas que
não estão em paz.
A
princípio muitos não gostarão, pois a trama é difícil de entender e envolve
muito a imaginação dos personagens aliados a realidade dos fatos. O final não é
auto-explicativo, exigindo uma interpretação do espectador, e o filme quase não
tem falas. Você precisa observar as imagens e raciocinar em cima delas.
Paradoxalmente,
à medida que você vai “digerindo” a história do filme, ela faz todo o sentido.
Nas partes finais há uma espécie de enigma que o próprio espectador tem que
decifrá-lo, pois o filme não fará isso por você. E quando você o desvenda, “tudo
se encaixa”, e você fica com a sensação de dever cumprido.
Medo (a tradução mais fiel da
história do cinema... só que não) é um ótimo filme, feito para o espectador pensar
e interpretar. Muitos poderão achar confuso, e odiarão justamente por não
conseguir atribuir um sentido para as cenas. O foco é você “entrar no jogo”, e
não apenas assistir passivamente uma boa história.