O mais novo filme de Carlos Gerbase, Menos Que Nada (Brasil, 2012), mantém a temática dos últimos trabalhos desse diretor (“Sal de Prata”, “3 Efes” e “Tolerância”): a imaginação humana. Inspirado no conto do médico e escritor austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931), “O Diário de Redegonda”, o longa aborda a doença mental em suas manifestações mais severas como a esquizofrenia e a psicose.
Em “Menos Que Nada”, Carlos Gerbase conta a história de Dante, um arqueólogo que por uma sucessão de acontecimentos adoece e é internado num manicômio. Há dez anos no local e esquecido pelos familiares, pelos amigos e pela sociedade, é considerado um caso perdido. Porém, uma jovem médica decide tratá-lo para produzir sua tese na universidade. A partir daí, surgem três importantes personagens da vida de Dante: o pai, uma amiga de infância e uma paleontóloga.
Com esse tema o diretor gaúcho quis abrir espaço para a reflexão sobre a doença mental e as formas de tratamento (ultrapassadas) utilizadas no Brasil. Gerbase também “bebeu” da fonte freudiana. Além do conto já citado, outro texto fundamental para a concepção do roteiro foi o ensaio “Delírios e Sonhos Na Gradiva de Jensen”, de Sigmund Freud.
Apesar do tema interessante e da boa vontade do diretor, o drama psicológico “solou”. Há um descompasso em seu ritmo – o que vemos é uma sucessão de acontecimentos e não de ações. Alguns pontos da trama, como a relação de Dante com a mãe e a possível conexão com sua doença, carecem de profundidade. Mas nem tudo está perdido. A atuação do ator Felipe Kannenberger (Dante) é impressionante. Nas cenas em que está no hospital psiquiátrico, transforma-se num verdadeiro primata – faz lembrar os pré-históricos de “2001: Uma Odisseia no Espaço”. Além disso, Gerbase usou interessantes movimentos de câmera como um 360º sincronizado com a trilha – notamos a mão do diretor dando um toque de originalidade.
Por tratar-se de um filme com baixo orçamento, compreendemos suas limitações técnicas. No entanto, ele peca em áreas fundamentais.
