
O Ciclo
Finlândia vem com uma novidade. Os quatro textos serão filmes de um mesmo
diretor: Aki Kaurismäki, um brilhante e curioso homem nascido em 1957 na cidade
Orimattila. A primeira 'crítica,' sobre Luzes no Crepúsculo, abriu caminho para essa
série de textos/filmes novos de alma antiga. Uma breve análise sobre algumas obras
desse gênio, um flerte e uma boa intenção de compreender mais o cinema fabuloso
e fora de época de Kaurismäki.
Calamari
Union (“Calamari Union”, 1984) é o segundo longa metragem do diretor,
roteirista e produtor finlandês. O filme tem uma proposta avant-gard e seu tema
é alegórico. A história de dezesseis homens chamados Frank e um único chamado
Pekka. Coletivamente, nenhum deles está feliz com a situação de sua cidade,
Helsink (A capital da Finlândia está para Kaurismäki assim como Madri está para Almodóvar). Após se reunirem para discutir os problemas, eles se mudam para outro
lugar, Eira, na busca de um espaço livre de problemas e onde possam viver com
dignidade.
Desventuras
ironicamente em série mostram que por mais que pareçam diferentes por fora, todo lugar é igual. A tão temida e famigerada rotina nos ataca em qualquer
canto. Se ficamos parados, ela nos pega. Seria preciso estar em constante
movimento para fugir dela, porém no final... isso também não viraria rotina? Nossos
personagens percebem tarde demais que dela e da morte não se corre.
A
humanidade está fadada a destinos praticamente selados e luta contra isso desde
o inicio de sua existência. Sejam Franks na Finlândia, ou Marias no Brasil. Gostaríamos de ter super poderes para refazer tudo
e conseguirmos novas e melhores vidas, mas sempre seremos os mesmos. Essa é a
mensagem do filme. Lutar é quase inútil, nunca fugimos de nós mesmos. E por
pior e mais pessimista que possa parecer, eu terminei o filme com vontade de
mudar, nem que seja a posição da minha cama.