sábado, 21 de julho de 2012

Porto Aberto



Estamos no terceiro texto e esta é a obra mais recente de Kaurismäki. Nessa continuação investigativa sobre o conjunto de um dos maiores gênios do cinema europeu, humildemente tentamos entender sua filosofia por trás das lentes. Uma tímida tentativa de mergulhar no mundo narrativo da Escandinávia... E uma observação inicial: Posso dizer que eu amo esse cartaz?


Primeiro é interessante ver o cineasta fora de seu objeto de estudo, e eu diria, fora de sua “zona de conforto” – a Cidade de Helsink. A cidade portuária localizada na região administrativa da Alta Normandia, França, empresta o seu nome para o filme: Le Havre (“Le Havre”, 2011). É lá que mundos se colidem. A Europa decadente se esbarra com a imigração e o choque de valores dá início a tudo. Abalo sísmico e pessoal.


Numa mistura entre a França contemporânea e o clássico cinema de Jean-Pierre Melville e Marcel Carné, o destino coloca o jovem imigrante africano Idrissa (Blondin Miguel) no caminho de Marcel Marx (André Wilms), um bon vivant e boêmio engraxate de sapatos.


Com tema atual e abordagem madura, acompanhamos a luta de Marcel para que o garoto fique no país e não seja deportado. Para isso, o otimismo e ajuda da comunidade são as armas do senhor de bom coração. Uma charmosa fábula sobre bondade, humanismo e a prova que barreiras geográficas são apenas uma desculpa para separar o que um dia já foi tudo o mesmo.


Assim, com fotografia do experiente Timo Salminen, e o trato habitualmente impecável de Kaurimämki, temos mais uma película para tirarmos exemplos para nossas vidas. Por que o papel do cinema talvez seja esse. Causar alguma coisa em nós, a mais leve mudança. E no estilo deste finlandês, só as cores, a aparência antiga e a alma peculiar já nos transportam para algo próximo de um choque de "realidade".
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