
Eu me lembro do dia em que vi "Diários de Motocicleta" pela primeira vez. Eu simplesmente me apaixonei pelo filme, e não só por ele ser tecnicamente impecável. Eu me apaixonei pelos protagonistas Gael García Bernal (Che Guevera) e Rodrigo de la Serna (Alberto Granado). A dupla é tão carismática, tão tocante, que você não pensa duas vezes em querer acompanhá-los naquela viagem e se deliciar com eles. Infelizmente, não é isso que acontece em Na Estrada ("On The Road", França/EUA/Reino Unido, 2012)
O novo filme de Walter Salles é, mais uma vez, impecável em quase todos os aspectos. Seria chover no molhado ficar aqui tentando elogiar a direção do homem responsável por "Central do Brasil", "Abril Despedaçado", o próprio "Diários de Motocicleta" e tantos outros filmes que são uma aula de direção. Nisso, Na Estrada é um filmaço.
Agora, o filme não consegue encantar. Falta exatamente atores que consigam transpor de verdade o espírito do livro de Jack Kerouac, que baseou o filme. Considerados símbolos da geração beat e da contracultura, os protagonistas Sal (Sam Riley), Dean (Garrett Hedlund) e Marylou (Kristen Stewart) lutavam por viver experiências realmente novas, fugindo dessa "sociedade morna".
E que me desculpe o Walter Salles. Ele pode dizer quantas vezes quiser que a Kristen Stewart é boa, é maravilhosa, é isso-aquilo, que nem toda a sua credibilidade vai me fazer acreditar. Ela é o exemplo maior de um elenco que não só não é carismático o suficiente para um road movie, como também não consegue encantar o espectador, fazê-lo querer realmente "viajar" com eles em todos os sentidos. "Mornos" demais, como tudo aquilo que a geração beat quis fugir.
