segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Brokeback Mountain Japonês



A homossexualidade é um tabu em praticamente todas as sociedades. Paradoxalmente, durante toda a história da humanidade sempre teve um expressivo número de homossexuais nos mais diversos segmentos sociais, evidentemente de forma bem mais velada que hoje em dia. Tabu (“Gohatto”, Japão, 1999) é dirigido pelo polêmico e genial Nagisa Oshima, baseando-se na era Bakumatsu dos Samurais (1853 – 1867), retrata exatamente esta afirmação. 


Um jovem de dezoito anos, torna-se membro de uma tropa de samurais especialmente selecionados pelo Shogun, conhecidos como Shinsengumi. Os guerreiros, extremamente hábeis no uso de espadas, são treinados para matar quem se opuser ao regime do Shogun. Sozaburo se envolve numa relação homossexual com alguns dos guerreiros do grupo. Ele se considera culpado pelo crime envolvendo dois guerreiros que se apaixonaram por ele. 


Fazendo uma comparação “torpe”, podemos dizer que este longa metragem é o “Brokeback Mountain” japonês. Assim como para nós os cowboys são símbolos de masculinidade, onde socialmente acredita-se que é "praticamente impossível" existir homossexuais para este grupo, os Samurais tem a mesma significância para os orientais. Curiosamente, Sozaburo é belo, mas não por sua masculinidade, tendo traços andrógenos e trejeitos afeminados, mas aguçando os hormônios sexuais de seus companheiros. Segundo o próprio Oshima, a beleza é algo destrutivo e mortal dependendo da circunstância.


Fonte confiáveis dizem que o filme é inspirado na vida de Souji Okita, considerando um dos melhores samurais do grupo Shinsegume. Reza a lenda que Okita era uma mulher disfarçada de homem para entrar no grupo de samurais, e outros dizem que na verdade era um homem apenas muito afeminado. 


Apesar do tema interessante, quem não estiver acostumado com filmes cults e lentos vai odiá-lo. O desenvolvimento da história é bem “parado”, com grande ênfase nos diálogos e com pouca ação. Paradoxalmente, as cenas de batalha são violentas, buscando ao máximo retratar a realidade dos samurais desta época, mas nada emocionante ao ponto de manter a atenção daqueles que veem o cinema apenas como entretenimento. 


Tabu é dos extremos: para uns será o melhor filme do mundo, e para outros o pior. Se você ama longas que trazem questionamentos, que são corajosos por desafiar rígidas estruturas culturais, e que são feitos para você “digerir” ao longo dos dias, você PRECISA assistir. Caso queira apenas uma distração, deverá procurar outro longa metragem. Tabu é entretenimento cerebral.
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