
O Mesmo
Amor, A Mesma Chuva (“El Mismo Amor, La Misma Lluvia”, 1999,
Argentina) é o quarto longa-metragem dirigido por Juan José Campanella. Como se não bastasse, é também o
primeiro trabalho do diretor com os atores Ricardo Darín e Soledad Villamil.
Esse trio viria a dar excelentes frutos ao cinema argentino, mas isso é assunto
que trataremos no futuro não tão distante. Então, voltemos para o nosso filme.
Como o título já adianta, trata-se de uma história de amor, regada com humor e
uma pitada de drama.
Campanella leva para a tela a história de Jorge (Ricardo Darín),uma jovem promessa da literatura
argentina que ainda vive de contos românticos escritos para uma revista de
atualidade. Numa noite de forte chuva, avista, pela primeira vez, Laura
(Soledad Villamil), uma camareira que adora contemplar a chuva e perder-se em
pensamentos. A sua maior preocupação é por noticias de seu namorado, um artista
que vai ao Uruguai expor seus trabalhos, mas a notícia não vem. Os dois começam um
relacionamento. Laura logo nota o
talento de Jorge e passa a apoia-lo a escrever literatura de “verdade”. No
entanto, com as idas e vindas da convivência, a relação de desgasta e eles
rompem. Com um toque de humor, drama e, em alguns momentos, um certo sarcasmo,
veremos o quanto um coração pode suportar ao acompanharmos a história desse
casal.
Apesar
de ter colecionado prêmios e indicações pelos festivais internacionais, a críticos
argentinos fizeram severas observações quanto a superficialidade e a “falta” de
originalidade do trabalho do diretor. Para quem não sabe, Campanella viveu
muitos anos nos Estados Unidos dirigindo vários episódios de séries como Law & Order. Afirmam ter ele uma
visão estrangeira de seu próprio povo e de usar referências hollywoodianas em
seu trabalho. Ora, não é possível pensar em cinema sem citar, sem se basear em experiências
adquiridas com o decorrer de nosso amadurecimento cinematográfico. E de onde
vem as nossas referências?
Acusam ser “enlatada” esta
película ganadora del Premio Condor de Mejor Película. Em parte, eles estão certos. O filme não se aprofunda nas
questões políticas e sociais que rodam os personagens. Prende-se numa história
de amor que perpassa os anos. Não se trata de uma tempestade que nos mostra o
quanto somos vulneráveis e sim uma chuva. Uma chuva com amor.