
Aconteceu em Saint-Tropez ("Des gens qui s'embrassent", 2013, França) abriu meu coração para o cinema peculiar e despretensioso de Danièle Thompson. O primeiro contato com a obra como diretora dessa indicada ao Oscar é uma excelente sensação para um cinéfilo. E no mesmo dia a conhecer pessoalmente simplesmente não tem preço.
O filme é sobre laços, abraços e o afeto dentro de cada um dos tipos de conexões humanas. Entre irmãos, primas, de homem para mulher e de pai para filhos. Uma história que poderia facilmente ter caído na caricatura ou no melodrama, mas com a força e experiência com roteiros de Danièle, a película ganha uma leveza nada cliché e uma roupagem bastante elegante para uma comédia.
O enredo é armado na dicotomia casamento/funeral. Um irmão prepara a grande festa para a filha, enquanto o outro enterra a sua esposa. Armado o clima e a polaridade, conhecemos o universo dessa família tão única e ao mesmo tempo tão comum. Explicitando como semelhantes podem se excluir entre si, e rapidamente resumirem-se a abraços e perdões quando o outro, familiar a ele, precisa.
É dessas comédias francesas de levantar o espírito. Embora boa parte da sua veia cômica seja de fácil assimilação, está longe de ser uma obra rasa, como pode aparentar. Há na leveza da brisa, o peso do vento, sempre. E ele pode causar um gélido, ou quem sabe quente, arrepio.