
Aparentemente Doméstica (Brasil, 2012), documentário de Gabriel Mascaro, é simples em sua concepção: o diretor entrou em contato com sete adolescentes de diferentes cidades do país para que estes registrassem a sua empregada doméstica por uma semana. Com o material bruto em mãos, coube a Mascaro e sua equipe a tarefa de montar as imagens e realizar o filme.
O filme estréia em um momento apropriado, não só pela escolha pelo 1º de maio para o lançamento comercial, mas também por conta da PEC nº 66/2012, conhecida como “PEC das domésticas”. Resumindo: uma proposta de emenda à Constituição que visa ampliar os direitos trabalhistas das empregadas domésticas. Na pauta, questões como jornada de trabalho, salário mínimo, seguro desemprego, FGTS, entre outras. Uma discussão já urgente para um país de classe média ascendente.
O “passar a câmera” de Gabriel Mascaro não é uma estratégia simples. Alana, Luiz Felipe, Ana Beatriz, Perla, Jenifer, Claudomiro e Juana não só adentram uma intimidade talvez inacessível para a câmera - e para o cineasta -, eles são parte dessa intimidade. Vavá, Gracinha, Lena, Lucimar, Dilma, Sérgio e Flávia encaram não uma câmera qualquer, mas uma câmera mediada pelo olhar dos filhos de seus patrões. Aqueles que são filhos e são chefes.
Jean-Louis Comolli já discutira a auto-mise-en-scène, a presença da câmera que inibe ou desperta determinados comportamentos. Frente ao aparato técnico, nada é gratuito. A forte relação de poder entre empregada e (filho de) patrão, ainda que possa não ser claramente coercitiva, se mostra presente. Como se portar frente à câmera? E se, por trás dela, estiver aquele adolescente que você pode ter criado como filho, mas que é filho de seu patrão?
É conseguindo entrar em um território tão fechado, com dois lados que partilham uma forte intimidade, mas que mantém uma série de diferenças, que o documentário de Mascaro encontra sua potência, escancarando tanto relações de poder quanto de afeto. Doméstica é um filme que precisa ser visto.
O filme estréia em um momento apropriado, não só pela escolha pelo 1º de maio para o lançamento comercial, mas também por conta da PEC nº 66/2012, conhecida como “PEC das domésticas”. Resumindo: uma proposta de emenda à Constituição que visa ampliar os direitos trabalhistas das empregadas domésticas. Na pauta, questões como jornada de trabalho, salário mínimo, seguro desemprego, FGTS, entre outras. Uma discussão já urgente para um país de classe média ascendente.
O “passar a câmera” de Gabriel Mascaro não é uma estratégia simples. Alana, Luiz Felipe, Ana Beatriz, Perla, Jenifer, Claudomiro e Juana não só adentram uma intimidade talvez inacessível para a câmera - e para o cineasta -, eles são parte dessa intimidade. Vavá, Gracinha, Lena, Lucimar, Dilma, Sérgio e Flávia encaram não uma câmera qualquer, mas uma câmera mediada pelo olhar dos filhos de seus patrões. Aqueles que são filhos e são chefes.
