terça-feira, 7 de maio de 2013

A Casa e Suas Histórias

Ao regressarmos após um longo período longe de casa, damo-nos conta que o tempo não parou e tudo que já não é como deixamos (ou pensamos ter deixado). Mas não foram as pessoas, as construções, as vidas que mudaram. Fomos nós. É a constatação de que não pertencemos mais aquele núcleo (seja familiar, amigos etc.).


Em Casa Velha (“Casa Vieja”, Cuba, 2002), Lester Hamlet mostra a inadequação do personagem Esteban para discutir o conflito das gerações cubanas entre a abertura política e o ditadura socialista dos Castros. No filme, o protagonista Esteban (Yadier Fernández) volta da Espanha depois de quatorze anos, quando sabe da morte iminente de seu pai. Chegando à capital cubana o jovem encontra um cenário bastante semelhante ao que deixou quando mudou de país, porém com a morte do patriarca sua família se vê diante de mudanças, com as quais não sabe lidar muito bem, após tanto tempo seguindo a mesma rotina.


Casa Velha, em alguns pontos, assemelha-se ao conto de Dickens “A Christmas Carol” – aquele em que o espírito do natal faz uma viagem com um homem rico e avarento. Não temos um burguês, tão pouco um homem mesquinho e odiado, no entanto temos Esteban que, quase como um ser transcendente, observa sua família enquanto tem conflitos existenciais. É um como um jogo de espelhos onde todos veem imagens retorcidas do que seja a realidade (subjetiva).


É um filme bem interessante, apesar de seu baixo orçamento. Nas áreas técnicas, ele deixa a desejar, o que pode trazer um certo desconforto (assemelha-se a filmes feitos para TV). O figurino e até mesmo as atuações dos atores dão um aspecto negativo ao longa (vale lembrar que se trata de um longa-metragem cubano, como tal deve se levar em consideração os problemas econômicos do país e o baixo investimento no cinema). Mas todos os problemas são compensados pelo roteiro. Vale a pena conferir essa história.

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